A três meses da eleição, chegamos a uma sentença inevitável. O próximo presidente da República será Lula ou, remotamente, Bolsonaro. Todos os institutos de pesquisa apontam Lula como o presidente provável, já que há meses os números dos levantamentos não se alteram. Está consolidado que ou Lula vence no primeiro turno ou os dois decidirão o pleito no segundo turno, com ampla vantagem para o petista. Portanto, a chance de Lula sentar na cadeira antes, como fez Fernando Henrique Cardoso para prefeito em 1985, é improvável.

Uma virada nesse quadro, no entanto, pode ser obtida se o presidente falastrão conseguir se beneficiar a tempo das medidas eleitoreiras que 4ele comanda, como a “PEC Kamikase” (que concede aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 e o vale caminhoneiro de R$ 1 mil, entre outras coisas) e dos R$ 16 bilhões de emendas do Orçamento Secreto que vão entupir as prefeituras amigas com ônibus escolares, caminhões de lixo e escolas fakes, tudo devidamente superfaturado para “sobrar” um bom dinheiro para os parlamentares das respectivas regiões contempladas. Missão quase impossível.

Diante dessa realidade, o quadro para o futuro do Brasil é dramático. Para tentar se reeleger, Bolsonaro está cometendo um estelionato eleitoral maior do que o feito por Dilma em 2104. A “PEC Kamikaze” é o maior avanço contra a ordem democrática desde os anos 90. Conseguiu ao mesmo tempo derrubar a lei eleitoral, a lei de responsabilidade fiscal e o teto de gastos. O que chama a atenção é que tenha conseguido o apoio praticamente unânime da oposição, especialmente do PT de Lula, conivente com medidas inescrupulosas. Provavelmente isso não vai reverter a derrota de Bolsonaro, mas antecipa que um eventual governo Lula vai começar com o Estado em ruínas e sobre uma terra arrasada institucional, o que favorece o avanço do lulismo, inclusive fazendo sucessores.

Lula, portanto, terá como tarefa governar de acordo com as teses retrógradas dos petistas que comandam seu programa de governo. E aí está o pior dos cenários. Entre outras coisas, o PT já disse que vai revogar a reforma trabalhista, não vai respeitar o teto de gastos e vai amordaçar a imprensa com o controle social da mídia. Como o Centrão e o PSD devem aderir ao seu governo desde o início, e tudo indica que o PSDB, MDB e União Brasil também farão o mesmo, Lula não deverá ter oposição, deitando e rolando no Congresso. O mensalão e petrolão lhe ensinou o caminho das pedras. Além disso, o petista deverá contar com maioria simpática a ele no STF, já que poderá indicar dois novos ministros, em substituição a Ricardo Lewandowisk e Rosa Weber, além de uns três ou quatro outros ministros próximos. Dessa forma, o futuro governo Lula que se avizinha fará barba, cabelo e bigode no poder. Quem viver, verá.