Em uma série de TV, o piloto é o episódio inicial criado para vender a produção e determinar se ela será levada à frente ou não. Na Amazon Prime Video a história foi diferente. Em “Fernando”, o piloto da série é justamente o seu protagonista: o bicampeão de Fórmula 1, Fernando Alonso. A primeira temporada de cinco episódios revela a vida do espanhol durante o ano de 2019, dentro e fora das pistas. Mas como seria possível mostrá-lo nas pistas, se Alonso abandonou a Fórmula 1 em 2018? É isso que torna a série documental uma das produções mais interessantes dos últimos tempos. “Fernando” exibe o piloto em busca da “Tríplice Coroa”, as provas mais icônicas do automobilismo: com exceção do GP de Mônaco, que ele já venceu em 2006 e 2007, Alonso vai atrás da conquista das 24 Horas de Le Mans, na França, e das 500 Milhas de Indianópolis, nos EUA. Até hoje, o único que conseguiu a façanha foi o inglês Graham Hill. A série ainda tem o espanhol participando do Rally Dakar, prova que cruza o deserto em meio a um visual deslumbrante.

“Quando fui campeão, aos 23, tinha medo de mostrar ao público minhas alegrias e decepções, como uma pessoa normal” (Crédito:Divulgação)

Reality show

Fernando Alonso diz que aceitou ser protagonista do seu próprio reality show porque queria apresentar ao público os bastidores do automobilismo, realidade pouco conhecida do grande público. Como queria correr em diversas categorias, uniu o útil ao agradável. Ele confessa, porém, que demorou para se acostumar com as câmeras acompanhando sua rotina com a namorada, Linda Morsell, o empresário, Luis García Abad, e a irmã, Lorena Alonso. “A maior dificuldade foi abrir minha vida particular. Mas eles foram cuidadosos, depois de dez minutos eu esquecia que estavam na minha casa.” Segundo Alonso, um projeto como esse não seria possível na época da F-1. “Esse acesso não existe, é tudo fechado e confidencial. E hoje estou mais maduro, me relaciono de forma diferente com a fama. Quando fui campeão de F-1, aos 23, tinha medo de abrir ao público minhas alegrias e decepções, como uma pessoa normal.”

A série traz essas decepções; às vezes a culpa é do piloto, às vezes, do carro. Para Alonso, os pilotos estão acostumados à frustração de um eventual desempenho fraco do carro: “É um esporte diferente, não é como atletismo ou ciclismo, em que o atleta só depende dele mesmo. No automobilismo você está nas mãos de uma equipe, você é parte de uma organização responsável por uma parte do todo. Às vezes o carro não é bom, às vezes é o melhor. A série mostra muito bem isso.”

BASTIDORES Alonso e a namorada, a modelo italiana Linda Morsell: cotidiano glamouroso (Crédito:Divulgação)

Bicampeão da Fórmula 1 em 2005 e 2006, o piloto retornará à categoria em 2021. A segunda temporada de “Fernando” vai abordar toda a preparação da equipe Renault até a primeira prova, em março. “As pessoas veem a notícia ‘Alonso retorna à Fórmula 1’ e daí só voltam a me ver na corrida. Vamos exibir o que acontece nesse período”, afirma. Ele acredita que os últimos 18 meses longe da F-1 foram positivos para sua carreira. Aos 39 anos, revela que ainda é viciado em velocidade. “Preciso estar atrás de uma direção.” E o que pretende fazer quando encerrar a carreira, ser ator ou seguir no showbiz? “Não tenho talento para atuar. Espero ter filhos e construir uma família. E daí torço para que as crianças gostem de automobilismo.” A seus fãs, só resta aguardar as próximas temporadas.