Ao longo dos últimos sessenta e quatro anos, o Paraguai foi governado por sua mais tradicional e conservadora legenda: o Partido Colorado (as únicas interrupções ocorreram nas gestões de Nicanor Frutos e Fernando Lugo). No final da semana passada, a população foi às urnas para escolher o seu novo presidente, que sucederá Horacio Cartes. Mais uma vez os paraguaios optaram pelo continuísmo e elegeram Mario Abdo Benítez, popularmente chamado de Marito por ser filho de Mario Abdo, ministro na ditadura de Alfredo Stroessner. O que levou o povo a tal decisão se pesam contra o partido governista tantas denúncias de corrupção? A resposta espelha boa parte da história política da humanidade: que importam as acusações se a economia não para de crescer? O seu avanço anual tem sido, em média, de 5% e a pobreza caiu de 50% para 28% da população. Isso legitima Marito a proclamar que seu governo irá definitivamente para a extrema direita. No campo econômico, ele pretende, a partir de um sistema ultraneoliberal, levar o Paraguai a crescer ainda mais – e se a economia do país já foi traduzida em tráfico de drogas e contrabando, hoje ela se apresenta como a quarta exportadora mundial de soja e com indústrias que atraem investidores brasileiros. Na esfera política, haverá grande endurecimento para o governo não ficar refém do Congresso. Na área comportamental, o atraso será radical: Marito proibirá o casamento gay e o aborto. O candidato perdedor Efraín Alegre (centro-esquerda) irá à Justiça alegando fraude na eleição. Não conseguirá nada. O Paraguai já afastou um presidente (o bispo marxista Fernando Lugo) porque ele não reconheceu a paternidade de diversos filhos. Mas agora, quando analistas projetam 6% de crescimento do PIB para os próximos doze meses, quem ousaria trocar tal índice pela incerteza de outro candidato ou outro modelo econômico?

CRIME
O serial killer dizia: “Se você derrubar uma louça, ela morre”

O mais procurado serial killer dos EUA foi preso na quarta-feira 25. Acusação: doze homicídios e quarenta e cinco estupros cometidos entre 1976 e 1986. Trata-se do ex-policial Joseph DeAngelo, hoje com 72 anos. Nas últimas quatro décadas, o que a polícia possuía de informação sobre ele parecia pouco, mas, na verdade, era tudo: amostras de seu DNA. DeAngelo agora foi detido e fez-se a comparação de material genético. Sim, é ele o monstro que invadia casas, amarrava maridos, empilhava louças sobre seus corpos e, diante deles, violava as esposas. Antes, dizia: “se você derrubar um pratinho, ela morre”.

TRÁFICO
Receita Federal apreende cem quilos de heroína

Fernando Frazão/Agência Brasil

O terminal de cargas do Aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, foi notícia internacional: nada menos que cem quilos de heroína foram nele apreendidos pela Receita Federal. Os seus tonéis vieram de Hong Kong e valem R$ 40 milhões. Com a droga havia 50 quilos de ácido pícrico (para explosivos). É uma das maiores apreensões de heroína no Brasil.

JUSTIÇA
A fartura do foro especial

Na terça-feira 2, o STF deve concluir a votação sobre foro especial por prerrogativa de função para deputados federais e senadores. O placar está oito a zero pela restrição. Seria bom se a ação ganhasse voo maior. Há cerca de 60 mil pessoas no País que possuem foro especial, trabalhando na burocracia (40 espécies de cargos) da administração pública.

CUBA
Díaz-Canel pode ser Gorbatchov

Henry Milleo

O novo ditador de Cuba, Míguel Díaz-Canel, já começa a mostrar a que veio – mas, talvez por enquanto, queira que a visibilidade seja sobretudo para o Partido Comunista. Mandou prender provisoriamente nove integrantes do grupo Damas de Branco, que se opõe ao regime – inclusive sua líder, Berta Soler. Mais: declarou que manterá a censura na internet (só 32% dos 11,5 milhões de cubanos a possuem) e fechará o site de oposição OnCuba. Não se pode descartar a hipótese, porém, de que toda essa repressão seja mise-en-scène: vale apostar que, em breve, ele será para Cuba o que Mikhail Gorbatchov foi para ex-URSS: o condutor da perestroika e glasnost (abertura política e econômica).

COMPORTAMENTO
Está na hora de Lula trabalhar na cadeia

Cassiano Rosário

Parlamentares esgoelaram que entrariam na sede da PF, em Curitiba, para inspecionar a cela-flat em que Lula está preso, sem dar satisfação à Justiça. Só rindo. Petistas toparam pela frente com a firmeza da juíza Carolina Moura Lebbos, que põe em prática o princípio da isonomia: vale para Lula o que vale para todos os presidiários. Ou seja: visita só de familiares e advogados. Na semana passada, deputados, senadores e a ex-presidente Dilma foram barrados. Em tempo: Lula precisa trabalhar na cadeia, como faz a maioria dos encarcerados no País, para ajudar em suas despesas. A União já gastou R$ 170 mil. A PF reiterou na terça-feira 24 o pedido de transferência do ex-presidente.