Os vices sempre tiveram papel importante, para o bem ou para o mal. Desde a redemocratização, dois vices assumiram a Presidência com o impeachment dos titulares: em 1992, Itamar assumiu o lugar de Collor e, em 2006, Temer tomou posse no cargo de Dilma. Viraram inimigos depois. Desta vez, os vices surgem com um simbolismo relevante. Lula tem Geraldo Alckmin e Bolsonaro lançou Braga Netto para darem recados aos eleitores. O petista precisa do ex-governador de São Paulo para mostrar que é moderado, o que não é. Pelo contrário. É extremista e populista. Já o ex-capitão, outro extremista/populista, usa o general para mostrar que as Forças Armadas estão com ele e impedirão eventual posse do PT. Mentira. Não haverá golpe. As instituições e a democracia estão sólidas.

Ex-tucano

Lula está lançando mão de uma tática semelhante à que usou em 2002, com a escolha de José Alencar para vice. Daquela vez, foi para atrair os empresários e militares assustados com seu esquerdismo. Agora, o petista usa Alckmin, um ex-tucano ligado aos religiosos da direita, para atrair votos da classe média e gente desconfiada de seu radicalismo.

Ordem unida nos quartéis

Emissários de Lula, como ex-ministro Nelson Jobim, têm sido tranquilizados em conversas com generais do Alto-Comando do Exército. Os militares explicam que permanecem em silêncio diante da escalada do discurso de Bolsonaro em respeito à hierarquia, mas garantem que “acima do presidente, está a Constituição” e que, caso ele transforme as bravatas em ações, os fardados não darão respaldo ao mandatário.

Retrato falado

“Nunca imaginei que veríamos um presidente cometer a idiotice de chamar embaixadores para mentir” (Crédito:Gabriela Biló)

Lula disse na convenção do PSB que escolheu Geraldo Alckmin como seu vice, na sexta-feira, 29, em Brasília, que jamais imaginou ver um presidente cometer a idiotice de chamar ao Palácio do Alvorada embaixadores de 70 países com o objetivo de atacar o sistema eleitoral para “mentir e vender uma ideia falsa de que no Brasil a democracia corre risco por conta das urnas eletrônicas”. Durante a convenção do PSB, o PT sacramentou a aliança que envolve outros cinco partidos.

O perigoso populismo

De acordo com as pesquisas eleitorais, o próximo presidente será Bolsonaro ou Lula, que pode até levar no primeiro turno. Pior é que tanto um como o outro são populistas. O atual mandatário faz de tudo para se reeleger e para isso jogou no lixo as leis e a Constituição apresentando programas sociais que desrespeitam o teto de gastos, a lei de responsabilidade fiscal e a legislação que não permite benesses sociais às vésperas das eleições. Por sorte, não deverá obter novo mandato, mas deixará uma bomba fiscal para o próximo presidente, que, se também adotar medidas populistas, como já adotou em outros governos petistas, fará a economia explodir em 2023.

Dólar a R$ 7,50

O quadro é sombrio para o ano que vem. Segundo o economista Ales Koutny, gerente da Janus Hendersen Investors, a depender das políticas do próximo governo, os investidores estrangeiros podem deixar o País, com impactos na inflação, juros e dólar. Ele acha que o dólar pode chegar a R$ 7,50 e os juros, a 18%.

A força dos indígenas

O secretário de Justiça de SP, Fernando José da Costa

Enquanto os indígenas brasileiros estão em pé de guerra com Bolsonaro, em São Paulo o clima é de paz e de discussão dos problemas que afetam a comunidade. Na sexta-feira, 29, o secretário de Justiça do Estado, Fernando José da Costa, participou de encontro com lideranças de 12 comunidades indígenas tupi-guarani do Litoral Sul, em Peruíbe.

Segurança alimentar

O objetivo do encontro foi discutir reivindicações dessas comunidades, como segurança alimentar, educação e moradia, assim como o desenvolvimento sustentável das aldeias, por meio do incentivo ao turismo indígena e ao cooperativismo. Além do secretário do governo Rodrigo Garcia, estiveram presentes representantes da OAB de São Paulo e da Funai.

Facção criminosa

O candidato de Bolsonaro a governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deu um tiro no pé. Gravou um vídeo para receber o apoio do prefeito de Embu das Artes, Claudinei Alves dos Santos, que esteve preso duas vezes e é réu em um processo em que é acusado de integrar a facção criminosa PCC. Tarcísio aparece de mãos dadas com o prefeito e agradece o apoio.

Toma lá dá cá

Carlos Augusto, o Carlão, diretor do Sindicato
dos Metalúrgicos de São Paulo (Crédito:Divulgação)

Seu partido, o Solidariedade, se aliou a Lula, que defende mudanças na Reforma Trabalhista. O senhor apoia?
Somos favoráveis à revisão da reforma trabalhista, pois ela não gerou os milhões de empregos prometidos e só serviu para precarizar as relações de trabalho.

Acha que a economia dominará o debate desta campanha eleitoral?
Os debates são essenciais para o eleitor escolher os candidatos que levantarão a bandeira do desenvolvimento sustentável, com a geração de emprego de qualidade.

Acha que o novo governo terá a reconstrução como tarefa prioritária?
Creio que sim, no sentido de preservar o Estado Democrático de Direito, resgatar o diálogo e a paz social e retomar o caminho do desenvolvimento.