Reviravolta histórica na política argentina a partir das eleições legislativas da semana passada. Pela primeira vez no país, desde a redemocratização, e nisso lá se vão trinta e oito anos, o peronismo sofreu a sua maior e mais fragorosa derrota — traduzindo ao pragmático mundo da governabilidade, a situação tornou-se quase irrespirável para o presidente da Argentina, Alberto Fernández. Os governistas, reunidos na Frente de Todos, deixaram de ter maioria no Senado, presidido pela vice-presidente do país, Cristina Kirchner. Na Câmara dos Deputados, o governo conseguiu manter sua vantagem, mas somente por uma cadeira. Ou seja: daqui para frente, um já enfraquecido Fernández, à frente de uma nação que se vê emparedada por crises sociais e econômicas, terá de saber negociar com a oposição e abrir mão de muitos de seus planos impopulares que eram facilmente impostos. A Frente de Todos obteve 33% dos votos, enquanto a aliança opositora Juntos pela Mudança, da qual faz parte o ex-presidente do país Mauricio Macri, conquistou 42% da votação. A fala de Fernández, após a divulgação dos resultados, embute boas doses de medo e demagogia: “uma oposição aberta ao diálogo é uma oposição responsável. E nós precisamos de uma oposição com patriotismo”.

Dívida gigante

Tomas Cuesta

Foi durante a gestão de Mauricio Macri, hoje na oposição, que a Argentina contraiu junto ao FMI altos empréstimos, em um total de US$ 57 bilhões. As principais parcelas da dívida vencem em março do ano que vem. Detalhe: o governo não tem como honrar os contratos referentes a esse montante.

Homenagem
Paulo Freire, na Universidade de Cambridge

JUSTA HOMENAGEM Busto de Paulo Freire na Universidade de Cambridge:único brasileiro a ter essa honraria (Crédito:Divulgação)

Está em exposição o primeiro busto de um intelectual brasileiro, na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, uma das mais tradicionais e conceituadas em todo o mundo — fundada em 1209, é a quarta mais antiga instituição universitária do planeta. Em sua galeria que homenageia centenas de nomes da história da humanidade, agora foi incluída a obra que representa o educador, filósofo e pensador Paulo Freire. O trabalho é do artista plástico paulista Murilo Sá Toledo, feito em graute (tipo de concreto) policromado e pesa trinta quilos. Segundo Elliott Green, da London School of Economics and Political Science, o livro de Freire, intitulado “Pedagogia do Oprimido”, é o terceiro texto a receber o maior número de citações acadêmicas.

Leilão
Obra de Frida Kahlo fixa recorde para a artista ao ser vendida por US$ 34,9 milhões

AUTORRETRATO Na testa de Frida Kahlo está Diego: o amor que “atormentava seus pensamentos” (Crédito:Matt Dunham)

Foi estabelecido, na semana passada, um recorde absoluto para um quadro da pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954). Trata-se do autorretrato “Diego y yo”, leiloado pela Sotheby’s de Nova York por US$ 34,9 milhões (aproximadamente R$ 192 milhões). Diego Rivera foi um dos principais muralistas mexicano e o grande amor de Frida. Na pintura, ela o colocou em sua testa como se fosse um terceiro olho. Segundo analistas, foi uma forma de dizer “o quanto ele atormentava os seus pensamentos”. Foram casados por vinte e cinco anos, entre separações e reencontros. Pintado em 1949, quem comprou a obra foi Eduardo Costantini, fundador do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires. A Sotheby’s tinha a expectativa da venda do autorretrato por até US$ 50 milhões.

Saúde
Comunicação e solidariedade

A partir do trabalho de alguns órgãos de imprensa, entre eles ISTOÉ/On-line com matéria intitulada “Criança com tumor raro no rosto precisa de remédio que custa R$ 40 mil”, a Bayer Brasil arcará com o tratamento pelos três primeiros meses. O caso envolve a menina Maria Helena Marcelino Pereiro, com idade de um ano e um mês, diagnosticada com fibrossarcoma — raro tumor que já tomou parte de seu rosto. A família mora na cidade cearense de Maranguape e não possui condições financeiras de comprar a medicação Larotrectinibe — R$ 40 mil cada frasco. A Bayer, produtora do remédio, informou na quarta-feira 17 que a Conitec não aprovou a sua incorporação ao SUS.

Justiça
O “xamã” já foi condenado. E Trump, quando será?

BARBÁRIE Chansley no Capitólio: extremismo (Crédito:Manuel Balce Ceneta)

O norte-americano Jacob Chansley, que seria apenas uma figura patética não fosse um dos responsáveis pelas cinco mortes na invasão do Capitólio, em janeiro, foi condenado a três anos e cinco meses de prisão. A invasão, que teve nele um dos principais líderes, deu-se enquanto os congressistas reuniam-se para validar a vitória de Joe Biden sobre Donald Trump. Chansley se autodenomia “xamã do QAnom” e no tribunal disse coisas desconexas, citando Mahatma Gandhi, Jesus Cristo, Stephen King e o juiz da Suprema Corte Clarence Thomas. A sua condenação é merecida, Resta saber, agora, quando Trump, que armou e incentivou os invasores, também será condenado.