EMBALAGEM Frasco de argila usado para perfumes egípcios: produto milenar com funções ritualísticas (Crédito:Divulgação)

A história do perfume remonta aos primórdios da civilização. E foi no Egito que o produto se consagrou. Embora o olfato seja o mais efêmero dos sentidos, pesquisadores da Universidade do Havaí acabam de fazer uma importante descoberta sobre a essência usada por um dos personagens mais famosos da antiguidade, a rainha Cleópatra (69 a.C a 30 a.C). Com base em escavações feitas num local chamado Tell Timai, onde ficava a antiga cidade egípcia de Tmuis, no delta do Nilo, os pesquisadores Roberto Littmann e Jay Silverstein identificaram em antigas ânforas vestígios de ingredientes aromáticos usados há dois mil anos. Esses perfumes primordiais não utilizavam álcool e nem eram líquidos, mas uma mistura pegajosa à base de óleos vegetais, como uma pomada.

As escavações em Tmuis começaram há uma década e, em 2012, os arqueólogos descobriram a casa de um comerciante de perfumes que contava com uma área destinada para a fabricação do produto. Elas revelaram também fornos onde se fabricavam frascos de perfume feitos com argila. Não restaram aromas nesses objetos, mas a partir de uma análise química com iodo, os ingredientes puderam ser identificados. Sabe-se hoje que Tmuis foi o lugar onde se produziam os aromas mais conhecidos da antiguidade. As essências Mendesian e Metopian, à base de mirra, extraída de uma árvore espinhosa africana, eram o Channel nº 5 e o Coco Madeimoselle da antiguidade. Além da mirra, outros ingredientes desses extratos ancestrais eram o azeite de oliva, o cardamomo e a canela.

Odor de rosas

Os egípcios davam grande importância aos perfumes e acreditavam que eram o suor do deus sol Rá. Frascos do produto acompanhavam os faraós nas suas tumbas. Cleópatra, última rainha da dinastia ptolomaica, amante de dois generais e líderes políticos romanos, Júlio César e Marco Antônio, gostava de untar todo seu corpo com essências aromáticas e impregnava de odor de rosas até as velas de seu barco. Costumava deixar um rastro perfumado por onde passava e antes de se suicidar com uma picada de víbora se besuntou da cabeça aos pés, possivelmente com um Mendesian. “É uma grande emoção cheirar um perfume que ninguém cheirou durante 2 mil anos e que Cleópatra pode ter usado”, disse Littman. Arome-se.


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