Donald Trump superou Donald Trump na estreia de suas viagens internacionais como presidente dos EUA. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e o líder palestino, Mahmoud Abbas, são adversários políticos históricos. Nesse momento, no entanto, suas perplexidades coincidem num ponto e eles devem estar se perguntando: o que Trump veio fazer no Oriente Médio? Se alguém imaginou que seria a visita de um estadista, nada mais viu que o passeio de um turista.

Trump esteve na Cidade Velha em Jerusalém mas sequer arranhou o assunto da transferência da embaixada americana. Trocar Tel Aviv por Jerusalém implicaria fazer dessa cidade a capital do país, e é isso que Netanyahu quer, porque só assim Israel teria todo o controle dessa região dividida com a Cisjordânia. Quanto a Abbas, até agora ele está esperando ouvir o que não ouviu: o apoio à criação do Estado palestino. Ao final da visita oficial (passeio oficial?!), e antes de seguir para a Itália, Trump declarou que Netanyahu e Abbas estão prontos para fazer as pazes. Os dois se quedaram atônitos e a frase do presidente tornou-se anedótica.

Israel, e no Vaticano, com o papa Francisco o presidente se faz de desentendido quando ouve a palavra paz
Trump no Vaticano, com o papa Francisco. O presidente se faz de desentendido quando ouve a palavra paz (Crédito:Evan Vucci)

Falando-se em paz, no Vaticano o papa Francisco fez questão de mostrar a Trump que ali o seu populismo não prosperaria.

Francisco não abriu a fisionomia nem na foto oficial (no detalhe), e foi pouco sutil nos presentes que deu: o seu ensaio sobre a preservação do meio ambiente e um medalhão com a imagem de uma oliveira.

Da Itália, o presidente americano viajou a Bruxelas onde foi hostilizado pela maior parte da população que exige dele um claro posicionamento a favor da paz mundial. A julgar pela superficialidade com que Trump definiu o seu encontro com Francisco, isso jamais acontecerá. “Fantástico”, disse ele.

PRISÃO
Adrianas saem, Marias ficam
Pois é, não é toda mulher que é mulher de Sérgio Cabral. O mesmo STJ que a colocou na rua (ela quebrou o Rio de Janeiro) negou liberdade a uma mãe condenada por furtar um quilo de frango para seus quatro filhos. Ela está presa numa cela lotada da penitenciária da cidade paulista de Pirajui. Claro que furtar um frango é mais grave que comprar diamante de seis milhões de reais com dinheiro público. A presa chama Maria.

COMPORTAMENTO
Pescaria com salário

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Pescar na Baia de Guanabara não é proibido. Mas convenhamos: funcionários da Prefeitura do Rio de Janeiro pescarem nesse local em pleno horário de trabalho (na verdade, abandonando o trabalho), aí já é demais – um deles declarou que já pescou, enquanto trabalha, em diversos pontos da cidade. A foto foi feita por Marcelo Camello, morador na Urca.

STF
A idade ajuda Maluf

A 1ª Turma do STF condenou o deputado federal Paulo Maluf a sete anos e nove meses de prisão. O crime é de lavagem de dinheiro: US$ 15 milhões na Ilha Jersey. A decisão impõe a perda do mandato, que será decidida pela Câmara. Maluf recorrerá ao pleno do STF. Devido à sua idade (85 anos), não irá para a cadeia.

SEGURANÇA
Aula a distância de tiros

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Fernando Frazão/Agência Brasil

É louvável a iniciativa de professores do Rio de Janeiro em criarem um aplicativo para que estudantes do Complexo da Maré tenham aulas a distância. Sem irem às escolas, os alunos não correm risco de morte porque deixam de ficar expostos aos tiros da polícia e dos traficantes.

Ruim, nessa história, é o fato de as autoridades terem visto nisso uma solução a ser ampliada a outras comunidades. A função do governo é garantir que estudantes possam sair de suas casas e voltem vivos do colégio. Qualquer outra medida é a admissão de que está encurralado. Aliás, os professores estão zelando pelos adolescentes porque as autoridades não zelam.

CORRUPÇÃO

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Bruno Santos/Folhapress

Em 1928, em São Paulo, o italiano Giuseppe Pistoni estrangulou a sua mulher, Maria Fea, e tentou despachar o corpo para a França. Deu errado, mas o caso é citado até hoje em diversos países como o “grande crime da mala”. Agora há outro, e a mídia internacional o batizou também como “crime da mala” — envolve o deputado paranaense (afastado) Rodrigo Rocha Loures (foto acima), dono da dita cuja. Ela estava sumida, apareceu na quarta-feira 24. Em seu interior não há corpo morto, mas há dinheiro vivo. Tinha de ter R$ 500 mil (dinheiro da JBS), a PF apontou desfalque de R$ 35 mil. Esse troco apareceu no dia seguinte em forma de comprovante de depósito judicial.