A escalada de ataques do ex-presidente Lula ao Judiciário, à imprensa livre e à democracia não conhece limites. Pior: agora, o petista transforma os eventos do PT numa espécie de convescote do deboche, em que políticos do partido processados e denunciados pela Lava Jato fazem troça de procuradores, tentam intimidar a Justiça e atentam contra a liberdade de informação. Durante a abertura do 6º Congresso do PT de São Paulo, realizado na Quadra dos Bancários, em São Paulo, na última sexta-feira 5, Lula disse que, caso eleito, vai “mandar prender jornalistas”, como se, numa democracia, presidente da República fosse dotado desse poder. Não é. As declarações fazem saltar a veia totalitária de Lula e escancaram, para quem quiser ver e ouvir (há quem não queira), o que nos espera caso o petista retorne ao poder.

Lula e seus companheiros parecem querer que o Brasil siga o caminho da Venezuela, que massacra seu povo, prende líderes da oposição e mata opositores nas ruas. Para eles, criminosos como José Dirceu e João Vaccari, que patrocinaram a maior operação de saque aos cofres públicos, são “presos políticos” e heróis nacionais, e não criminosos comuns, condenados a dezenas de anos de prisão (só Dirceu já foi condenado a mais de 33 anos de cadeia pelo juiz Sergio Moro). No palanque ao lado da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que na lista de corrupção da Odebrecht apareceu recebendo milhões de reais de propinas com o codinome “Coxa”, Lula, além de bradar que vai mandar prender jornalistas, numa atitude típica de republiquetas de bananas, entabulou uma saudação já tradicional a Dirceu:“guerreiro do povo brasileiro” – para o deleite da plateia, numa homenagem ao fato de o ex-ministro da Casa Civil ter sido posto em liberdade dias antes. “Espero que em breve esses companheiros, presos políticos, posam estar entre nós”, disse o presidente do Diretório Estadual do PT, Emídio de Souza, numa referência também a João Vaccari Neto e ao ex-ministro Antonio Palocci.

Em seu pronunciamento raivoso contra os jornalistas, no entanto, Lula preferiu não mencionar as graves denúncias feitas contra ele por Renato Duque, ex-diretor da Petrobras. Segundo Duque, Lula era o comandante do esquema de propinas na estatal. Bom manipulador que é, o petista achou mais conveniente insistir na tática da vitimização, afirmando que os jornalistas faltavam com a verdade quando diziam que ele era proprietário do tríplex no Guarujá. Para ele, o apartamento não passava de “três casinhas do Minha Casa, Minha Vida, uma em cima da outra”. “Eles já estão com a tese pronta: o PT é uma organização criminosa e o Lula montou um governo para roubar até depois que saísse do governo. Portanto, se o Lula é o chefe, ele tem que saber de tudo”, vociferou Lula. Ao seu lado, Gleisi Hoffmann, que também é investigada por corrupção juntamente com seu marido Paulo Bernardo, batia palmas e ria sarcasticamente. “Aqui não tem bandido. Aqui tem pessoas que podem ter errado”, disse Gleisi, como se vivesse num mundo paralelo.

No mesmo evento, Lula tornou a cogitar a proposta de regulamentação da mídia, um eufemismo para censura da imprensa. Petistas não se constrangem mais em dizer, mesmo publicamente, que o governo deseja rever concessões, como a concedida à TV Globo. Ou seja, pretendem cercear o direito de expressão, tal como acontece nas ditaduras. Em outro convescote, nos mesmos moldes, há quinze dias em Brasília, o ex-presidente sapecou. “Se vierem falar que teu tenho que jantar na casa dos Marinho, almoçar no Estadão, eu não vou”.

Apoio a Maduro

Como não poderia deixar de ser, o Congresso do PT voltou a repisar teses de que Dilma foi deposta por um golpe e que o presidente Michel Temer apropriou-se do governo. Ninguém vai admitir, evidentemente, que a petista foi apeada do poder depois de submetida a um legítimo processo de afastamento no Congresso, conduzido pelo STF. Já o regime que deveria ser de exceção, mas que na Venezuela já virou regra, foi coberto de elogios. Recentemente, a embaixada da Venezuela no Brasil divulgou vídeos em que parlamentares petistas tecem loas ao governo de Nicolas Maduro. Um deles é o deputado Paulo Pimenta (RS), que descreve o governo Temer como uma “ditadura”. Diz que lá “se luta pela soberania, pelo direito de se construir o futuro”. E que “é a direita fascista que resiste ao avanço da revolução bolivariana”. Há um ano, quando Dilma deixou o Planalto, o deputado Carlos Zaratini (SP), líder do PT na Câmara, gravou mensagens de apoio ao “governo popular” de Maduro, dizendo que ele é “vítima de uma estratégia de desestabilização”. Parece piada, mas não é.

Clube dos treze: mais de  dois mil anos de cadeia

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Na chegada a Curitiba, Lula foi recepcionado por 35 parlamentares do PT. Muitos deles estão sendo investigados pela Lava Jato por terem recebido propinas da Odebrecht. Segundo especialistas, se for condenado a pena máxima nas cinco ações nas quais é réu, Lula pode pegar 1.795 anos de cadeia. Os demais petistas, até 300 anos

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Ricardo Stuckert

 


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