As notícias dos focos de incêndio no Pantanal esta semana nos remete ao trauma do desastre ocorrido ao bioma em 2020, onde foram consumidos milhões de hectares do Pantanal na época. Inclusive, um estudo apresentado pelos Ministérios Públicos dos estados Mato Grosso do Sul (MPMS) e Mato Grosso (MPMT) identificou que quase 60% dos focos de incêndios que afetaram o Pantanal em 2020 foram provocados por ações humanas, e possuem a probabilidade de ligação com atividades agropastoris.

Foi uma tristeza sem precedentes, incluindo animais mortos, comunidades ribeirinhas em pânico e uma perda significativa do bioma, que aumenta ainda mais a crise climática: uma das questões mais urgentes que a humanidade enfrenta atualmente.

O incêndio que atinge a região do Parque Encontro das Águas no estado do Mato Grosso neste momento é de proporções menores e resultado do aumento da estiagem por conta do aquecimento global que contribui ainda mais para mais desmatamento e incêndios que, desta vez, estão ocorrendo por causas naturais como raios e ventanias.

O que acontece é que o aumento da temperatura está trazendo secas maiores e mais frequentes, não só ao Pantanal, mas também aos outros biomas, como a Amazônia (que acompanhamos nas semanas anteriores com o mesmo problema). As bacias hidrográficas da Amazônia desempenham um papel crucial no fornecimento de água para o Pantanal e alterações nos padrões de chuva e no regime de rios na Amazônia podem afetar diretamente a seca no Pantanal.

Essa crise é caracterizada por uma série de desafios ambientais, sociais e econômicos, e ameaça a estabilidade dos ecossistemas, a segurança alimentar, a disponibilidade de água, a saúde pública e muito mais.

As equipes de combate ao fogo têm trabalhado intensamente no incêndio, por terra, água e ar e mapeamento dos focos. O problema é que muitas áreas dali tem difícil acesso e a identificação dos focos precisa ser mais rápida. A boa notícia é que o estado espera chuvas para os próximos dias, e a expectativa é de que as áreas de fogo cessem.

Bombeiro combate incêndio no Pantanal
Flavia Vitorino

Tanto a Amazônia quanto o Pantanal dependem de padrões de precipitação regulares para manter seus ecossistemas e sistemas hidrológicos saudáveis. Qualquer desvio desses padrões, como essas secas prolongadas, pode ter impactos significativos como esses incêndios.

A crise climática está deixando uma marca indelével em nossos biomas, e estamos à beira de um ponto de não retorno. Os efeitos desse fenômeno global são claramente visíveis em regiões como o Pantanal e a Amazônia, onde essas secas prolongadas e incêndios devastadores se tornaram uma realidade alarmante.

A situação não é única para o Pantanal e a Amazônia, e o impacto se torna mundial. A rápida perda de gelo polar por exemplo, ou o aumento do nível do mar, estão se tornando cada vez mais comuns e desastres naturais mais frequentes como tempestades e enchentes, além dos incêndios. A ação imediata já não é mais uma escolha e sim uma necessidade para preservar o nosso planeta e garantir um futuro viável para as gerações futuras.