Estados Unidos, Reino Unido e Austrália anunciaram na quarta-feira, 15, a criação do Pacto Indo-Pacífico, que terá como objetivo realizar a transferência de tecnologia ao governo australiano para a construção de submarinos movidos a reatores nucleares. Como o presidente americano Joe Biden ressaltou, não será um pacto para prover aos australianos submarinos com armas nucleares, mas embarcações movidas à tecnologia nuclear. Faz diferença.

O pacto foi anunciado em videoconferência entre Biden, o premiê britânico Boris Johnson e o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison. Sob o acordo, EUA e Grã-Bretanha fornecerão a tecnologia para que os australianos construam os submarinos movidos a energia nuclear em Adelaide. Biden disse que o objetivo do pacto “é garantir a segurança, a longo prazo, na região do Indo-Pacífico”. Ninguém mencionou a China, mas nos bastidores a informação é que há uma grande preocupação em conter os avanços dos asiáticos na região.

Com o fim das guerras no Iraque e no Afeganistão, Washington mudou os seus objetivos estratégicos para o Pacífico, onde os americanos querem conter a expansão chinesa. Após absorver Hong Kong, a China tem dois objetivos estratégicos: reincorporar a ilha de Taiwan, que Pequim considera uma província rebelde, e controlar as fontes de energia e as “terras raras” na Ásia Central. Ainda na era Trump, os EUA perceberam que a China aumentava a sua presença na Ásia e assinaram um tratado de aliança militar com a Índia.

A retirada apressada dos americanos do Afeganistão, somada à rapidez da China em chegar a algum tipo de compromisso político com o grupo fundamentalista Talibã, apenas fortalecem a percepção de que os chineses têm na mira as terras raras e as reservas de lítio do Afeganistão.

É neste contexto que o pacto do Indo-Pacífico deve ser observado: é uma tentativa dos Estados Unidos contrabalançarem a crescente influência chinesa na Ásia. Aliada dos britânicos e dos EUA desde a Primeira Guerra Mundial, a Austrália é vista por Washington como um poder regional para monitorar os movimentos chineses no Mar do Sul da China. Os americanos estão de olhos bem abertos.