Um ex-bolsonarista garantista no plenário, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), articula intensamente com sua base (inclui alguns senadores) para oficializar seu apoio ao Governo do presidente Lula da Silva III. Lira quer substituir o encarregado das Relações Institucionais do Planalto, deputado Alexandre Padilha (PT-SP), pelo líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), seu amigo pessoal há muitos anos. Lira tem na mão uma bancada de quase 200 deputados que avaliza esse projeto. O plano do conglomerado ainda prevê a troca do chefe da Casa Civil, Rui Costa – com quem Lira não se dá bem – pelo, acreditem, atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que se deslocaria para o Palácio. Nesse cenário esboçado, a economia seria entregue a um não-petista. Até a volta do senador Ciro Nogueira (PP-PI) ao colo do Governo está no escopo. Ex-ministro do ex-presidente inelegível, Ciro também já apoiou Lula e Dilma. Até o fechamento da Coluna, era bolsonarista.

Com 200 deputados na conta, Lira quer propor minirreforma ministerial que pode mudar núcleo do Governo Lula – mas garantiria a governabilidade.

O que o Brasil compra de vizinhos

Mais sobre a balança comercial do Brasil com Argentina e Venezuela, com dados recentes levantados pela Coluna: Os produtos mais importados dos portenhos são veículos para transporte de mercadorias e uso especial (18%), seguidos de automóveis (17%). Já os mais exportados são soja (13%), peças de automóveis (10%) e veículos (9,8%). Os fertilizantes químicos são os produtos mais comprados da Venezuela: somam 49% das importações. O alumínio aparece em 2º lugar, com 22%. Em contrapartida, as gorduras e óleos vegetais “soft” e brutos representam 16% das exportações brasileiras para a terra de Maduro, além de produtos alimentícios (15%).

Doria volta ao jogo

João Doria se desfiliou do PSDB

Ex-governador de São Paulo e ex-prefeito da capital, o empresário João Doria ainda tem uma base forte de apoiadores em diferentes setores e políticos suprapartidários. Foi instado a pensar na volta à política. Consulta amigos e tenta apoio para se lançar candidato à prefeitura paulistana. Ele pode se filiar ao Podemos.

O drama da suboficial trans nas telas

A suboficial Maria Luiza da Silva se assumiu ser uma mulher transgênero
Foto: Leonel Rocha (Crédito:Leonel Rocha)

Acaba de chegar ao cinema, com repercussão internacional e prêmios, um drama que faz da história uma situação novelesca bem do perfil conservador de parte do Brasil. Após trabalhar por mais de 22 anos na manutenção de aviões da Força Aérea Brasileira no gênero masculino, em 1998 a Suboficial Maria Luiza da Silva se assumiu ser uma mulher transgênero. Desejava fazer a cirurgia de mudança de sexo e continuar na carreira. Ela é a primeira militar trans das Forças Armadas. Uma Junta Médica a reformou compulsoriamente. Na reserva, em 2002 a militar entrou na Justiça para voltar à ativa. O judiciário reconheceu que ela foi aposentada por discriminação e que o ato da reforma foi ilegal. Sem mais idade para voltar aos quartéis, ganhou o direito à progressão na carreira até a patente de Suboficial, posto que atingiria se não fosse afastada, e de permanecer no imóvel funcional até o julgamento final do caso pelo STJ. Em 20 de julho, dia do Patrono da Aeronáutica Santos Dumont, Maria Luiza fará 63 anos.

Maia vira o coringa do Congresso

O presidente da CPMI dos Atos Golpistas, deputado Arthur Maia (União-BA), está se especializando em liderar trabalhos polêmicos. Foi relator da Lei Anti-terror (2017), das Reformas da Previdência (2019) e Administrativa (2021), do Marco Temporal das terras indígenas (2021) e da Lei que define quarentena de 36 meses para nomeação para cargos públicos de quem participou de campanhas eleitorais. Na Reforma Administrativa proposta pelo Governo Lula da Silva, o Congresso reduziu o prazo para 30 dias. Entre gabinetes da Câmara, seu nome virou consenso para resolver pautas impopulares.

AMB: prova e licença para médico

A Associação Médica Brasileira quer instituir prova para autorizar o exercício da profissão, como acontece com os advogados que precisam do exame da OAB. O presidente da AMB, Cesar Fernandes, propõe o “teste do progresso”, exame que avalia a capacidade de medicar dos recém-formados.

Unicidade sindical

Cláusula sagrada do movimento operário, a Unicidade Sindical – regra trabalhista que permite funcionamento de só um sindicato por categoria na mesma base eleitoral – é discutida no Ministério do Trabalho e deve ser flexibilizada na proposta de minirreformas no segmento que o Governo vai enviar ao Congresso. A chiadeira será grande.

Consefaz pede o céu

O Conselho de Secretários Estaduais de Fazenda quer convencer o Governo a abrir mão de R$ 60 bilhões previstos pelo Imposto Seletivo, a ser criado na Reforma, que incidirá sobre venda de bebidas, cigarros, combustíveis, energia e comunicações. Pede a arrecadação para Estados e municípios. Ideia do relator, Aguinaldo Ribeiro.

NOS BASTIDORES

Quem vai controlar?

Não se fala em outro assunto nos gabinetes quando a pauta é além-aprovação dos jogos de azar: a obrigação de agência reguladora. E, claro, o fatiamento para o controle.

Ele$ estão chegando

A certeza da volta da atividade dos cassinos no Brasil é tamanha que grandes investidores estrangeiros estão aterrissando de jatinho em capitais do Nordeste para comprar terrenos e lançar resorts.

Apps & motoboys

O Governo estima entre 400 mil e 1 milhão o número de pessoas que trabalham em aplicativos de transporte e de entrega de mercadorias e alimentos. E prepara legislação para proteger estes microempreendedores. O lobby dos apps está forte.

E o BB desafinou

O TJ-RJ mandou o BB indenizar em R$ 15 mil o cantor Lulu Santos por débito de R$ 4,9 mil ao ter o cartão de crédito clonado. Ele só soube quando pediu cartão a outro banco e descobriu o nome no SPC.