Pouca gente sabe que o Brasil sedia a maior degustação mundial de vinhos de uma mesma safra. É uma maratona que ocorre em várias etapas, envolve mais de mil pessoas e demanda grandes desafios logísticos – entre eles o de coletar e transportar amostras da bebida produzidas em locais cuja distância é de até 3 mil quilômetros da Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves (RS). Foi ali que, entre os dias 14 e 23 de agosto, 120 enólogos, divididos em oito grupos de 15 profissionais cada, analisaram 351 produtos inscritos por 50 vinícolas de seis estados brasileiros: Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Ainda não engarrafados para comercialização, todos os vinhos foram extraídos diretamente dos tanques de aço inox ou das barricas dos produtores para serem degustados, às cegas, na primeira rodada da XXVI Avaliação Nacional de Vinhos.
Participaram dessa triagem especialistas designados pela Embrapa e pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), entidade que promove o evento. Os enólogos elegeram as 106 amostras mais representativas da safra 2018, o equivalente a 30% do total inscrito. Dessas, 16 serão premiadas no próximo dia 29, em um encontro do qual participam mais de 900 degustadores do Brasil e do mundo, além de um júri formado por especialistas – entre os jurados estará o autor deste texto. A Avaliação Nacional de Vinhos tem as chancelas da Organisation Internationale de la Vigne et du Vin (OIV) e da Union Internationale des Oenologues (UIOE). Chegar aos vencedores exigirá mais oito horas de degustações. A avaliação é individual e registrada em um sistema especialmente desenvolvido para esta finalidade. As inscrições para o público em geral serão abertas no próximo dia 4, e podem ser feitas pelo site www.enologia.org.br. O valor do investimento é R$ 350.