Era 1918 quando a gripe espanhola assolou o mundo, matando quase 100 milhões de pessoas e deixando outros milhões de indivíduos por meses em Lockdown. Talvez por isso, 1920 tenha sido marcado pelas maiores descobertas e realizações. Época em que se superou a dicotomia de pensamento dos conservadores e na qual se caiu na estrada — todos atrás de seus sonhos. Havia uma pressa em alcançar o tempo enclausurado misturado com a alegria de estar vivo para poder vivê-lo.

Voltando para os nossos (coincidências à parte) anos 20, depois de mais de dois meses de confinamento por conta da pandemia da Covid-19 surgem relatórios de empresas como a Trip.com, divulgando que o mercado de turismo da China já está ganhando força com as atrações turísticas naturais esgotadas para o ano todo. Ou a pesquisa recente da Skift Research que constatou que um terço dos americanos esperam viajar logo após a liberação total da quarentena.
É possível traçar, a partir daí, um perfil de viajantes mais imediatistas em busca de experiências que vão além do Resort e da Torre Eiffel. A procura será por aquele canto inexplorado, longe da massa. Sabemos que as viagens internacionais levarão mais tempo para se recuperar e que os países “se reabrirão” em diversos momentos, porém essa reabertura escalonada será confusa e pouco permissiva, exigindo documentação e exames de saúde mais rigorosos. Nesse caso, as road trips pelo Brasil irão aumentar e os viajantes terão a necessidade de se sentirem mais emocionalmente conectados ao destino.

O turismo de luxo não será mais ligado à ostentação e sim às experiências que envolvem o bem-estar físico e mental. Acostumem-se com novos vocabulários e modelos de viagens, como, por exemplo, o Couchsurfing: uma rede que põe em contato viajantes de turismo imersivo com anfitriões dispostos a abrir as portas das suas casas para recebê-los. O guia turístico será visto como na comunidade Rent a local friend, onde pessoas que amam viajar partilham o seu modo de vida e lugares favoritos da sua cidade com novos amigos. Ou, ainda, o que era antigo transfer será ao estilo Beep Me que conecta pessoas interessadas em encontrar caronas de longa e curta distância pelo mundo.

E se não for para compartilhar cultura e conhecimento em uma viagem tão sociável, os hotéis terão de se readaptar. Esqueçam o exagero. Pensem em autenticidade e percebam que o novo “5 estrelas” estará mais ligado a um serviço de experiências únicas, e, claro, com as readaptações das novas normas de saúde. A percepção dos fornecedores de serviços turísticos terão de sacar essa nova demanda e fazer com que a viagem fique na memória dos seus clientes para sempre. Só torcemos para que isso comece logo.