Na eleição de 1994, Aloizio Mercadante foi vice na chapa de Lula a presidente na disputa contra Fernando Henrique. Nessa eleição, ele fez a cabeça do líder petista para que criticasse o Plano Real. A insidiosa campanha contra o programa de estabilização da moeda fez com que o tucano ganhasse o pleito de lavada, ainda no primeiro turno. Lula perdeu o rumo, mas mesmo assim o economista e fiel companheiro foi o coordenador da jornada vitoriosa para presidente em 2002 (aliás, Mercadante comandou também a disputa contra Collor em 1989). O fato é que o atual presidente da Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do PT, foi o organizador do plano de governo desta eleição de Lula e é o chefe dos 33 grupos temáticos da transição e cotado para assumir vários ministérios.

Educação

No CCBB, onde está reunido o governo de transição, o nome de Mercadante é citado para o cargo de ministro do Planejamento, Fazenda e até Educação, entre outros. Na verdade, ele já disse que não deseja ir para a pasta da Educação novamente, pois já ocupou esse cargo no governo de Dilma Rousseff e gostaria de diversificar suas aptidões.

Defesa

Seu nome vem sendo ventilado por Lula também para o Ministério da Defesa. Os militares não aceitam um nome qualquer. O novo presidente faz questão de colocar um civil na pasta e os militares dão a entender que aceitariam os ex-ministros Jobim e Celso Amorim. A vantagem de Mercadante é que seu pai, Osvaldo Muniz Oliva, foi respeitado general.

Ministro interino

MATEUS BONOMI

Em meio à dificuldade de Lula em encontrar o próximo ministro da Defesa, uma ala do PT discute a possibilidade de Geraldo Alckmin assumir a pasta como interino até a escolha do titular. Para aliados, o movimento não seria visto como uma contradição de Lula, o qual afirmou que o vice não será ministro. “Ministro interino não é exatamente ministro”, brinca uma pessoa próxima ao presidente eleito.

Retrato falado

“É preciso ter calma. O País não vai quebrar” (Crédito:Divulgação)

José Berenguer, presidente do Banco XP, disse, ao “Valor”, que o Brasil precisa “ter calma” na discussão sobre a PEC da Transição, que estima gastar R$ 200 bilhões para manter o Bolsa Família em R$ 600 e outros programas sociais para atender os mais carentes. “O País não vai quebrar”, afirma o banqueiro, lembrando que Lula já governou outras duas vezes e sabe que não pode gastar sem ter fonte de recursos. Para ele, se faz necessária uma política “para diminuir a miséria”.

A base aliada

Às vésperas das eleições, o coordenador da comunicação da campanha do PT à Presidência, Edinho Silva, disse à ISTOÉ que não via problema no fato de que os partidos de oposição pudessem ter maioria no Congresso e prejudicassem o novo governo. Assegurou que na própria noite da eleição, os partidos do Centrão iriam ligar para Lula oferecendo apoio. Análise de quem está há muito tempo na política. Instantes depois da vitória do PT nas urnas, os líderes dos partidos de centro, como MDB, PSD, União Brasil, PP e tantos outros, ligaram para o petista oferecendo parceria. Muitos deles, inclusive, já saíram fazendo a conta de que teriam ministérios na nova gestão.

Barganha

Os petistas teriam em torno de 80 deputados, mas, de repente, passaram a estimar que podem contar com uma base aliada em torno de 300 parlamentares, suficientes até mesmo para aprovar medidas como a PEC da Transição. No caso do apoio do PP, a moeda de troca foi a reeleição de Arthur Lira na Câmara.

Tchau, querida

De malas prontas para deixar o Senado, Eliane Nogueira, mãe de Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, desfrutou das regalias do Salão Azul até onde pôde. A um mês da entrega do mandato, a parlamentar viajou ao Egito para participar da COP27, embora não seja titular, por exemplo, nas comissões do Meio Ambiente ou na de Relações Exteriores.

Mordomias

Para cumprir a agenda internacional, Eliane recebeu R$ 17,3 mil em diárias e viajou nas asas da Força Aérea Brasileira (FAB), paga com os impostos do povo. A partir de fevereiro, Ciro voltará a reassumir seu mandato de senador pelo PP do Piauí, do qual havia se licenciado para servir a Bolsonaro. No passado, fez parte da base aliada de Lula.

Farra do cartão

Adriano Machado

A atual gestão atingiu, este ano, o valor mais elevado de gastos no cartão corporativo desde a posse do atual presidente. Entre janeiro e novembro, o governo desembolsou R$ 388,6 milhões para arcar com as despesas. Em 2021, a conta ficou em R$ 241,5 milhões. Uma parte dessa fatura decorre dos gastos do próprio Bolsonaro. Nos 11 primeiros meses deste ano, torrou R$ 15 milhões.

Toma lá dá cá

Eliziane Gama, senadora pelo Cidadania e integrante do Conselho Político da equipe de transição (Crédito:Marcos Oliveira)

É adequado deixar o debate sobre a âncora fiscal apenas para 2023?
Se o governo não pode ser apêndice do mercado, também não se deve desconsiderar sua importância para o desenvolvimento. Se o anúncio ocorrer somente no início do governo, não trará nenhum mal ao País.

A antecipação do anúncio do ministro da Fazenda pode reduzir os ruídos do governo Lula no mercado?
Lula não causará nenhuma grande surpresa nesse quesito. Foi eleito com um programa, estabeleceu metas e princípios e o futuro ministro já tem um norte a seguir.

Lula conseguirá paridade entre homens e mulheres na Esplanada?
Não me parece que a paridade absoluta seja uma meta de governo. A paridade é um compromisso do presidente Lula.

Rápidas

* A provável ida de Gleisi Hoffmann para o governo está gerando uma briga fratricida pela presidência do PT. Vários candidatos se movimentam. Os nomes que mais se sobressaem são José Guimarães e Márcio Macedo (ex-tesoureiro), além de Rui Falcão (ex-presidente).

* Os bolsonaristas que ficaram desempregados com a derrota do capitão estão pressionando Tarcísio de Freitas para serem nomeados para o governo de SP. O filho 03, por exemplo, quer Ricardo Salles no Meio Ambiente.

* A eleição mal acabou e Guilherme Boulos e Márcio França, ambos cotados para o Ministério da Cidadania, já estão brigando feio. Eles serão candidatos a prefeito de SP em 2024 e contam com o ministério para se promoverem.

* A eleição mal acabou e Guilherme Boulos e Márcio França, ambos cotados para o Ministério da Cidadania, já estão brigando feio. Eles serão candidatos a prefeito de SP em 2024 e contam com o ministério para se promoverem.