Com o apoio de supercomputadores, os astrônomos estão cada vez mais “íntimos” do universo e seus segredos. Recentemente especialistas da CSIRO, agência científica australiana, criaram um radiotelescópio que pode mudar a relação da ciência com o espaço. O equipamento se chama ASKAP, mas foi apelidado de “google maps do universo” pela capacidade de mapear, processar e organizar dados. As experiências com o equipamento foram detalhadas na revista Publications of the Astronomical Society of Australia e seu desempenho impressionou. Em 12,5 dias (300 horas), a máquina rastreou cerca de 3 milhões de galáxias, sendo que 1 milhão são inéditas.

“É um resultado importante. Nos próximos anos veremos o universo com mais profundidade” Thiago Signorini, astrônomo da UFRJ (Crédito:Divulgação)

Mesmo que a ciência esteja bem abastecida em termos de tecnologia há alguns anos, o novo radiotelescópio difere de tudo que já se viu. Seu campo de visão permite a captura de imagens panorâmicas com nível elevado de precisão e detalhes. Além disso, a profundidade obtida pelas lentes permite estudos mais detalhados acerca do cosmos.

Segundo Thiago Signorini, astrônomo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a tecnologia pode revolucionar a área. “Mesmo que ainda sejam testes, os australianos conseguiram resultados que outros equipamentos nunca obtiveram”, diz. “Eles conseguiram reunir dados de uma maneira muito rápida e eficiente”. O mapeamento foi feito em um deserto na região oeste da Austrália, e, de acordo com a CSIRO, analisou 83% de todo o céu — algo grandioso em termos de dados. “Esse senso do universo será usado por astrônomos ao redor do mundo para explorar o desconhecido e estudar tudo a respeito da formação de estrelas e de galáxias”, diz David McConnel, líder da pesquisa.