A terceira via, bloco de partidos do centro que enseja o lançamento de uma candidatura comum para confrontar a polarização entre os dois extremos (Lula e Bolsonaro), sofre uma relativa derrota. O Novo, legenda da centro-direita com apelo junto a empresários liberais, acaba de lançar o nome do banqueiro João Amoêdo para disputar a presidência em 2022 Em entrevista à ISTOÉ, ele diz que a “reconstrução do País depois do caos provocado por Bolsonaro” o motiva a enfrentar o desafio novamente. Em 2018, ele obteve 2,7 milhões de votos (2,5% do total), mas ficou à frente de candidatos de peso, como Henrique Meirelles, Marina Silva e Guilherme Boulos. O mais importante é que o Novo elegeu oito deputados federais e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Nada mal para um estreante.

Estados

Apesar de já estar montando um time para entrar no jogo, Amoêdo não descarta conversar com outros integrantes do centro. “Estamos abertos a dialogar para construir alternativas à triste polarização atual.” Ele dará início às articulações por candidaturas nos estados. Em São Paulo, o deputado Vinicius Poit quer ser candidato a governador.

Zema

Além do Rio e São Paulo, Amoêdo conta uma com candidatura forte em Minas Gerais. Embora o governador Romeu Zema tenha se aproximado muito de Bolsonaro nos últimos meses, ele já disse ao Novo que vai apoiar o candidato do partido. Uma visita a Belo Horizonte, inclusive, será agendada nos próximos dias. Zema deverá ser candidato à reeleição.

Os russos estão chegando

NILTON FUKUDA

Apesar da Anvisa ter liberado a importação de 928 mil doses da vacina russa Sputinik para atender o consórcio nordestino dos governos da BA, PE, CE, SE, MA e PI, o governador Rui Costa (PT-BA) ficou inconformado. “Essa quantidade está muito abaixo da necessidade.” Os governadores consideraram que a agência demorou demais para autorizar o negócio. Os seis governadores fazem oposição a Bolsonaro.

Retrato falado

“É hora de reagir, antes que seja tarde” (Crédito:MATEUS BONOMI)

Raul Jungmann, ex-ministro da Defesa, considerou como “capitulação” a decisão do comandante do Exército de não punir o general Pazuello por ele ter comparecido a ato político de Bolsonaro no último dia 23, no Rio.
A participação de militares da ativa em eventos políticos é proibida. “A decisão do general Paulo Sérgio desonra os últimos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, além do ex-ministro da Defesa, que caíram por respeito à Constituição e à democracia.”

Toma lá dá cá

José Serra, senador pelo PSDB-SP (Crédito:Waldemir Barreto)

Como ex-ministro da Saúde, o que o senhor pensa sobre o trabalho da CPI da Covid no Senado?
A CPI tem colhido informações importantes em relação à vacinação. Muitas vidas poderiam ter sido poupadas e o cenário atual no Brasil poderia estar muito mais tranquilo se os contratos tivessem sido fechados no início.

O senhor considera que há um responsável pela tragédia sanitária que vivemos?
Ainda é cedo para responsabilizações. Mas a CPI tem levantado dados importantes.

Qual é a sua avaliação sobre a gestão do atual ministro da Saúde?
O ministro Queiroga atua com a mesma inércia do anterior. Na minha visão, falta mais comunicação com a sociedade e mais coordenação política com os estados e municípios.

Adeus reformas

Bolsonaro mandou avisar o Congresso que é contra a Reforma Administrativa. Ele não deseja mexer com os funcionários públicos, temendo perder seus votos, já que a mudança acabará com privilégios dos servidores. Assim, o presidente da Câmara, Arthur Lira, criou uma comissão especial para analisar o projeto que estava pronto para ser posto em votação. Ou seja, o assunto vai para as calendas. O mesmo destino terá a Reforma Tributária. Há três propostas no Congresso prevendo mudanças nos tributos para dinamizar a economia, mas Guedes quer só unificar PIS-Cofins para gerar mais receitas e recriar a CPMF. Resultado: mais uma reforma que vai ficar para o próximo governo.

Previdência

Como se sabe, Bolsonaro é contra qualquer tipo de reforma que corte privilégios. Foi assim com a Reforma da Previdência. Tantas fez que deixou os militares de fora e ainda lhes concedeu aumentos. As mudanças previdenciárias só aconteceram graças ao esforço da Câmara, à época comandada por Rodrigo Maia.

A musa da CPI

Jefferson Rudy

Machismos à parte, a médica infectologista Luana Araújo encantou a CPI da Covid no começo do mês, quando classificou a discussão sobre o uso da cloroquina de “esdrúxula, anacrônica e contraproducente”. Arrasou o projeto criminoso de Bolsonaro para o combate à pandemia, o que justificou sua demissão do Ministério da Saúde após dez dias no cargo.

Cargo em SP

Ela fez tanto sucesso na CPI que, na sexta-feira, 2, o governador João Doria lhe telefonou, convidando-a para integrar o Centro de Contingência da Covid de São Paulo, onde já trabalha o médico sanitarista João Gabbardo, ex-secretário do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Doria considerou seu depoimento “brilhante”. Ela ficou de pensar.

O idealizador do gabinete das trevas

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A CPI da Covid pretende ir a Washington ouvir Arthur Weintraub, considerado o “arquiteto do gabinete das sombras”, formado por 300 “especialistas”, como Osmar Terra, que propôs a cloroquina. É irmão do ex-ministro da Educação e os dois trabalham nos EUA por decisão do ex-capitão: Arthur é funcionário da OEA e Abraham é diretor do Banco Mundial: ambos estão com Covid.

Rápidas

* Bolsonaro promete cutucar o leão com vara curta neste sábado, 12, em São Paulo, onde participa de uma “motociata” ao lado de 10 mil motociclistas evangélicos, que desfilarão pelas avenidas paulistas na “Marcha com Jesus”. Doria não aceitará provocações.

* A deputada Perpétua Almeida apresentou uma PEC proibindo militares da ativa de ocupar cargos políticos. O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, apoia o projeto: “Será um instrumento de proteção às instituições”.

* Flávio Bolsonaro deverá ser derrotado em família. Ele quer indicar Humberto Martins (STJ) para o STF, em julho, mas seu pai deverá mesmo escolher André Mendonça, preferido da primeira-dama Michelle: rezam juntos no Alvorada.

* O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, não esconde de ninguém: deseja que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, seja o candidato da chamada “terceira via” a presidente. Como bom mineiro, Pacheco resiste à ideia.