Acompanhando as notícias da invasão russa na Ucrânia, percebemos que entre tantos horrores, tantos relatos desesperados e tanta destruição, um fato despertou muita atenção: as denúncias de racismo nas fronteiras envolvendo os não ucranianos, especialmente os africanos, que tentam, como qualquer outro cidadão que hoje vive naquela região, retornar aos seus países de forma segura. Por que um não ucraniano ou um africano não teriam os mesmos direitos e as mesmas oportunidades de cruzar a fronteira? E por que um ser humano acha que outro ser humano tem menos direitos que ele? E por que o ser humano age assim em plena guerra?

Lembro de ter lido uma notícia que me deixou, não incrédulo, mas sem entender direito como isso poderia estar acontecendo nos dias de hoje, em meio a um conflito, onde deveria haver mais solidariedade. A notícia era da CNN, Os repórteres entrevistaram uma estudante de medicina, nigeriana, que havia sido expulsa de um ônibus junto com outros estrangeiros ao tentarem cruzar a fronteira com a Polônia. Só aceitaram levar ucranianos.

Quando a pandemia começou, houve uma conversa mole de que a humanidade iria aprender uma lição e que sairíamos diferentes depois que tudo acabasse. Balela. A guerra já é realidade, e com ela a real possibilidade de um conflito nuclear que pode acabar com tudo no planeta. Isso tudo para esfregar nas nossas caras que o ser humano é esse animal aí que a gente conhece e pronto. Muda só o endereço, a língua, os costumes, a cor. A essência daquele ditado que diz “farinha pouca, meu pirão primeiro” junto com a lei do mais forte é o que de fato move a humanidade. A coisa é selvagem.

O conflito completa uma semana. O mundo segue insone de olhos e corações voltados para a Ucrânia, que segue sendo invadida covardemente pelos russos. A Rússia, por sua vez, está cada vez mais isolada. Putin perdeu, mas ainda não sabe. Zelensky se transformou num herói, em um presidente e combatente. Pessoas do mundo inteiro vão às ruas pedir paz. Até mesmo no Brasil, apesar das declarações infelizes do nosso presidente. A ONU votou pela condenação da guerra. Jurava que a ordem do Planalto era ficar em cima de muro. Mas o brasileiro tem ficado solidário ao povo ucraniano, vítima da truculência do ditador russo.