A destruição de grande parte do acervo do Museu Nacional no incêndio foi uma perda incomensurável para o Brasil, mas a instituição abrigava elementos da história de diversas partes do mundo. A devastação afeta toda a humanidade, já que boa parte da coleção não estava arquivada em nenhum outro lugar.

Jornais internacionais noticiaram o incêndio e fizeram comparações com outros museus. O “The Guardian” escreveu que o British Museum, um dos mais importantes do Reino Unido, possui um acervo de 8 milhões de peças. O Museu Nacional tinha 20 milhões. “É como se o Metropolitan Museu of Art tivesse pegado fogo”, escreveu o americano “The New York Times”. O jornal publicou uma foto do incêndio na caa da edição de terça-feira 4 e afirmou: “É o declínio de uma nação”. Cada veículo tentou traduzir o impacto para seus leitores. A revista “National Geographic” fez um panorama da perda para toda a ciência, mostrando que não há valor capaz de reparar o dano. A Unesco comparou o incêndio à destruição de Palmira, cidade síria em repleta de tesouros arqueológicos. O lugar foi devastado pelo Estado Islâmico em 2015.

Sandro Vannini

“Se os artefatos egípcios não forem protegidos, deverão voltar à terra mãe” Zahi Hawass, arqueólogo e egiptólogo

Em uma artigo para o “The Guardian”, o escritor Paulo Coelho lamentou a tragédia e perguntou por que o museu atraía um número tão pequeno de visitantes, enquanto brasileiros viajam pelo mundo conhecendo instituições como o Tate, em Londres, ou o Louvre, em Paris. As próprias instituições, como o Smithsonian, em Washington D.C., publicaram notas de solidariedade e consternação. O presidente da França, Emmanuel Macron, ofereceu ajuda ao Brasil. Em sua conta no Twitter, disse que mandaria especialistas para reconstruir o museu.

REPERCUSSÃO O fogo apareceu na capa de diversos jornais internacionais

Retorno de relíquias

A indignação também fez com que algumas vozes manifestassem opiniões radicais. O arqueólogo egípcio Zahi Hawass disse à BBC Brasil que, se uma nação não consegue preservar as relíquias, ela tem de devolvê-las ao país de origem. Hawass defende que a arte egípcia espalhada pelo mundo deveria retornar ao Egito. Sua visão, no entanto, é questionada, especialmente depois que relíquias foram saqueadas nas revoltas populares no Egito em 2011.