Embora a tecnologia tenha avançado nas últimas décadas, a ciência ainda possui inúmeras perguntas sem resposta quando o tema é a origem do universo. O homem já pisou na Lua, coletou informações em Marte, mas isso ainda é “pouco” perto da vastidão do espaço. Pensando no avanço da astronomia, um grupo de cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), nos Estados Unidos, publicou um estudo inédito na revista Science acerca do tempo de formação do Sistema Solar, um acontecimento mais rápido do que se pensava. Para os especialistas, o processo levou entre 40 mil e 200 mil anos. Até então, o período “padrão” traçado pelos cientistas girava em torno de dois milhões de anos, e, mesmo que sua origem a partir de uma nuvem de gás e poeira que entrou em colapso fosse conhecida, a novidade rompe paradigmas porque detalha a duração da composição.

A tese foi baseada na analise de materiais extraídos de meteoritos, como cálcio e alumínio (CAIs). De acordo com Greg Brennecka, líder do estudo, as análises feitas por datação de carbono — técnica que determina a idade de sedimentos — apontaram uma similaridade entre os CAIs e outros componentes espaciais conhecidos pelo homem, incluindo os que já caíram na Terra. Sendo assim, a ideia de que os CAIs surgiram numa região próxima de um disco protoplanetário, material que rodeia estrelas recém nascidas, no caso, o Sol, há 4,567 bilhões de anos atrás, ganhou força. Portanto, é possível dizer que tanto a formação do Sol quanto a dos planetas do Sistema Solar ocorreram em curtos períodos de tempo. “Se escalarmos tudo isso para uma vida humana, a formação do sistema solar seria comparada a uma gravidez de cerca de 12 horas em vez de nove meses. Este foi um processo rápido”, disse, em nota, o cosmoquímico Greg Brennecka, principal autor do estudo.

“Descobertas astronômicas estão relacionadas ao avanço tecnológico. O estudo é revolucionário” Amaury Almeida, Astrofísico da USP (Crédito:Divulgação)

FUTURO PROMISSOR

Segundo o professor Amaury de Almeida, do Departamento de Astronomia do IAG/USP, a nova pesquisa é importante porque, embora as informações sobre o tempo de vida do Sistema Solar sejam conhecidas, o tempo de formação era uma incógnita. “Descobertas astronômicas estão relacionadas ao avanço tecnológico, como o envio de sondas para coletar informações extraterrestres”, diz. Com base em materiais de ponta, agências espaciais como Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA) transformam o setor. Diferentemente de 200 anos atrás, época do nascimento da ciência moderna, os especialistas podem “estudar, testar e provar” suas teses. Por isso, é seguro afirmar que o os próximos anos prometem grandes descobertas científicas. “O estudo é revolucionário e está sendo conduzido com bastante cautela”, ressalta Almeida.


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