É motivo de comemoração que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, seja devidamente enquadrado pela Procuradoria Geral da União (PGR) e denunciado para o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de homofobia. Seguindo as orientações filosóficas, pedagógicas e morais do governo despótico de Jair Bolsonaro, Ribeiro tem o que merece pela capacidade que mostra de destilar preconceitos e confundir condições humanas com doenças ou desajustes. Ele fez a mesma coisa com o autismo, quando disse que alunos nessa condição atrapalham o ensino dos estudantes neurotípicos. O ministro demonstra viver mentalmente em outros tempos e parece movido por preconceitos inaceitáveis para o cargo que ocupa e mesmo para qualquer cidadão comum. Em vez de incluir minorias, favorecer a vida dos que mais nescessitam, ele trabalha pela exclusão dos diferentes.

Em uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, em 2020, em que Ribeiro falava sobre educação sexual nas escolas, ele afirmou que debates sobre questões de gênero e sexualidade em sala de aula são desnecessários e atribuiu a homossexualidade a “famílias desajustadas”. “Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe”, disse na ocasião. Em uma mesma fala Ribeiro tratou a homossexualidade como opção e como doença. Para o vice-procurador da República, Humberto Jacques, ele cometeu crime ao discriminar jovens por causa da orientação sexual e desqualificar de forma preconceituosa as famílias em que eles foram criados.

Milton Ribeiro demonstra viver mentalmente em outros tempos e parece movido por preconceitos inaceitáveis para o cargo que ocupa

Ribeiro nunca pediu desculpas pelas suas palavras desastrosas e, por meio da Advocacia Geral da União (AGU) recusou uma proposta de acordo de não-persecução penal feita pela PGR em 2020. Em uma nota oficial na época, ele disse que jamais pretendeu “discriminar ou incentivar qualquer forma de discriminação em razão de orientação sexual”. “Trechos da declaração retirados de seu contexto e com omissões parciais, passaram a ser reproduzidos nas mídias sociais, agravando interpretação equivocada e modificando o real sentido daquilo que se pretendeu expressar”, afirmou. A explicação, porém, não convenceu a PGR de sua pureza de propósitos. Cabe agora ao STF decidir se o ministro se tornará réu no processo.