10/02/2017 - 18:00
Bruna Senna é paulista e tem 17 anos de idade. É negra e paupérrima. Carrega a dor de ter sido abandonada pelo pai ainda recém-nascida e vive com a mãe, Dinália, que batalha no caixa de um supermercado por mil e setecentos reais por mês. A mãe abriu mão de tudo para fazer, do jeito que a miséria deixa, a filha estudar. Bruna abriu mão de tudo para estudar, do jeito que a miséria deixa. Certa vez comentou com uma vizinha que o estômago queimava de fome. Apesar de igualmente pobre, a vizinha viu a miséria deixar que ela desse quinze reais para a garota, com um recado: “nunca largue os estudos”. Foi o que ela fez numa escola pública. O tempo demorou mas passou, que tempo sempre passa, e Bruna surpreendeu o Brasil na semana passada: entrou em primeiro lugar no curso de medicina da USP, na cidade paulista de Ribeirão Preto, deixando para trás 79 candidatos que concorriam à mesma vaga. Bruna comemorou nas redes sociais lembrando Gilberto Freyre, um dos principais antropólogos do País, pouco lido embora muito criticado pela esquerda brasileira por ter sido um conservador. “A casa-grande surta quando a senzala vira médica”, postou Bruna. Freyre sempre se viu menosprezado por parte da esquerda branca, e é essa mesma esquerda, traduzida nas gerações dos dias de hoje, que logo saiu dizendo que a mensagem era o troco que a jovem dava aos que a discriminavam. Como Bruna é a primeira a dizer que jamais sentiu-se vítima de racismo, não é difícil perceber que, indiretamente, tal esquerda é o alvo da moça. Muitos brasileiros jovens que se dizem “revolucionários” nivelam tudo pelo diapasão da preguiça e da falta de esforço, e condenam o princípio da meritocracia. Azar deles. O tom que embala a Bruna da senzala não é outro que não o do mérito.
14.600 quilômetros
percorridos entre Doha e Auckland. 16 horas e 23 minutos de duração. 1.036 refeições servidas, mais 1.100 xícaras de chá e 2 mil bebidas. Todos esses números compõem o voo mais longo da história da aviação, feito na semana passada pelo Boeing 777 da Qatar Airways. O número de passageiros não foi divulgado por motivo de segurança para as próximas viagens.
CHARGE
BRASIL
Até tu, Maia?
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou as afirmações da PF de que há indícios de corrupção e lavagem de dinheiro em doações eleitorais à sua campanha de 2014. A ilicitude teria totalizado R$ 1 milhão, feita pela OAS. Com base em mensagens telefônicas entre Maia e o dono da empreiteira, Léo Pinheiro, os investigadores dizem que o deputado apresentou emenda a uma MP definindo regras para a aviação regional que favorecia a OAS. Ele afirma que não praticou corrupção.
CRIATIVIDADE
Na conta de Trump
Nada como uma conta para acertar… as contas. O neozelandês Mark Simmons tem um restaurante em Nova York. É contra a política de imigração de Donald Trump (ou seja, quer acertar as contas com ele). Mark imprime então nas contas dos clientes: “Imigrantes fazem a América grande de novo. Eles também cozinharam sua comida e a serviram hoje”.
CORRUPÇÃO
Operação Boca Livre
Executivos, empresários e advogados foram indiciados pela PF por crime de estelionato contra a União, no inquérito que apurou desvio de R$ 30 milhões do Tesouro Nacional por meio da Lei Rouanet. Funcionários do Ministério da Cultura também serão responsabilizados por omissão nas auditorias.
RIO DE JANEIRO
Pezão é cassado
O Rio de Janeiro terminou a quarta-feira 8 sob o impacto da decisão do TRE que determinou a cassação dos mandatos do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e de seu vice, Francisco Dornelles (PP). Mas nada é para já: eles recorreram ao TSE, e até que a determinação da instância inferior seja derrubada ou confirmada ambos continuam no comando do estado (em caso de substituição, ela poderá se dar por eleição direta). Eis um trecho do voto do desembargador Marco Couto: “restou comprovado que contratos administrativos milionários foram celebrados em troca de doação de campanha”. Pezão diz que apresentará material que comprova a lisura de suas contas. Na quinta-feira, a PF acrescentou que Pezão recebeu propina do esquema montado por Sérgio Cabral.
