“Nem o Moro, nem o Dallagnol, nem nenhum deles tem a honestidade e a lisura que eu tenho nos meus 70 anos de vida”, garantiu Lula, recentemente, durante um comício disfarçado de simpósio. Que fique claro, não tenho a menor condição de falar pelo juiz Sérgio Moro ou pelo procurador Deltan Dellagnol, mas, se eu fosse eles, teria sentindo um alívio danado após ouvir tal declaração.

E o maior líder petista não parou aí. Muito pelo contrário, lá pelas tantas sapecou uma surreal ode ao partido que durante 14 anos conduziu o Brasil à sua crise mais grave: “Nós, do PT, fomos criados para mudar a história desse país e não para ficar com medo. Quem errou, pague pelo erro”.

Para sacramentar, dentre as mais variadas bravatas, é claro que não poderiam faltar ataques ao eterno espantalho, assim como à operação da Polícia Federal responsável por tirar o sono de todo o zeitgeist político: “A Lava Jato é uma moeda com a cara da Globo, do Moro, mas não tem a cara de todas as pessoas que estão sendo prejudicadas por ela.”

Contemplar a desfaçatez de Lula não é fácil, deixar de ranger os dentes ao ouvi-lo é impossível, porém nunca foi tão simples fazer uma leitura do seu comportamento. Velho sabujo, ele sabe muito bem que já morreu politicamente, entretanto, alardeia uma suposta candidatura à presidência na tentativa de criar constrangimentos para a Justiça. Em resumo, mais até do que vaidade ou força do hábito, o que hoje em dia move suas ações é o puro e simples desespero.

Que Luiz Inácio merece passar um bom tempo atrás das grades ultrapassa os limites do bom senso. É no mínimo exótica a hipótese de que José Dirceu, Antonio Palocci e grande elenco, todos parceiros de longa data e sob seu comando enquanto governava, agiam sem a sua mais absoluta cumplicidade. Porém não só.

Além de privação da liberdade e perda dos direitos políticos, como penitência pelos crimes cometidos, ideal mesmo seria que Lula alcançasse logo o devido reconhecimento e por ele fosse eternamente lembrado: herdou esse país nos trilhos, foi o presidente com maior respaldo popular de nossa história, mas, movido por uma vaidade doentia e a mais absoluta falta de escrúpulos, preferiu trair os brasileiros ao invés dar início às reformas estruturais de que tanto precisava.Punto e basta, como diriam os capos italianos.

Velho sabujo, ele sabe muito bem que já morreu politicamente. Entretanto, alardeia uma suposta candidatura à presidência na tentativa de criar constrangimentos para a Justiça