Uma enorme draga, que operava ilegalmente em Roraima, sugou e despejou, no rio Parima, duas crianças yanomamis. Os meninos tinham 7 e 5 anos e foram encontrados mortos. Não foi acidente. É resultado do aumento exploratório do garimpo ilegal: em todo o País, cem toneladas de mercúrio foram utilizadas, entra 2019 e 2020, para extrair ouro. Na pandemia, ao menos, vinte mil garimpeiros estiveram na região – colocando a etnia em risco, também, pela contaminação da Covid-19. Dário Kopenawa, líder Yanomami, sofre, inclusive, constante ameaça de morte por denunciar o avanço do garimpo.

Quantas outras mortes serão necessárias para que a fiscalização aumente e o garimpo seja só um passado ruim? Jair Bolsonaro, como de costume, continua o seu discurso que fortalece esse tipo de atividade. Não demarca terras indígenas, diminui a fiscalização e ainda diz que “o índio não pode continuar sendo pobre em cima de terra rica”.

O retorno disso tudo virá, infelizmente, nos próximos anos. Afinal, a contaminação das terras e rios seguirá por anos: a intoxicação por mercúrio (metal essencial para a extração do minério) afeta a formação de fetos, leva a problemas respiratórios, entre outros. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, os indígenas Munkduruku estão em sua totalidade contaminados pelo mercúrio — e se nada for feito para preservar os indígenas yanomamis, não demorará para que eles também tornem-se totalmente contaminados pelo mercúrio.