28/03/2022 - 19:39
O ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, agiu como o menino que é o dono da bola e para de jogar quando está perdendo: pega a bola e a leva para casa. Ao renunciar ao cargo de governador e dizer que permanecerá no PSDB para trabalhar contra a candidatura de João Doria, ele faz exatamente isso. Diz que continuará insistindo em tornar-se o candidato do partido a presidente, desrespeitando o resultado democrático das prévias realizadas em novembro do ano passado, quando perdeu por 44% a 55%.
Ora, ele aceitou participar das prévias sabendo que poderia ganhar ou perder e que o vencido teria que apoiar o vencedor. É assim em qualquer País democrático do mundo em que o sistema de prévias é adotado. Nos Estados Unidos, a senadora Kamala Harris disputou as prévias contra Joe Biden e perdeu. Durante a campanha pelas prévias, fez pesadas críticas a Biden. Mas, terminado o processo de prévias, com a vitória de Biden, ela se incorporou à campanha dos Democratas e acabou virando sua candidata a vice-presidente. É assim que funciona na democracia.
E foi graças a essa união de forças que os Democratas venceram o poderoso Donald Trump, impondo-lhe uma derrota histórica, colocando fim a um período de trevas nos Estados Unidos, com métodos de atuação muito parecidos com os de Bolsonaro. União que Eduardo Leite deveria estar compactuando agora, com o fortalecimento do candidato que venceu as prévias. Mas ele está fazendo exatamente o contrário. Está se unindo ao grupo minoritário que se abriga no PSDB atualmente, cuja a liderança parte do deputado Aécio Neves, disposto claramente a enfraquecer o partido e entregá-lo ao bolsonarismo.
E não faltaram oportunidades para ocorrer essa união de forças. Ainda em dezembro, logo após as prévias, Doria convidou o governador a comandar o programa de governo tucano ou até a formular as propostas que deveriam constar na temática a ser desenvolvida na campanha, mas Leite se recusou a colaborar.
Ele entende ser melhor do que Doria para ser o candidato do partido, mas foi derrotado durante as prévias e não mostrou capacidade de articulação dentro do partido. Agora, faz o papel de quinta coluna, trabalhando contra o candidato democraticamente escolhido nas primárias, dispondo-se a participar do jogo sujo que os opositores do governador de São Paulo estão fazendo, no sentido de armarem um “golpe” para tirar Doria da candidatura a presidente, apresentando o nome de Leite na convenção partidária, em julho. É um papel vexatório para um jovem governador que surgiu de forma promissora mas está passando para a história como quinta coluna.