06/08/2021 - 20:17
Olhando São Sebastião a partir de Ilhabela, no litoral paulista, é fácil entender que o mundo é mais bonito para quem tem sorte. Mas essa sorte, como dizia o cientista francês Louis Pasteur, favorece mais os espíritos preparados.
Escrevo “fast.com” na barra de endereços do meu browser e, olhando o reflexo do sol se espelhando nas águas do canal que separa a ilha do continente, me pergunto se poderei trabalhar bem neste maravilhoso lugar.
A resposta chega instantânea e bela. 350MB/S. Afinal a ilha não é só bela: ela é o próprio paraíso. A tecnologia e a conectividade global revolucionaram o mundo trabalho para sempre.
Muito do que a vida era antes da COVID pode até voltar — as viagens, as baladas, os abraços e muitos beijos — mas a vidinha de escritório, esse 9 ás 5 com pausa de almoço, está extinto como os dinossauros.
No Brasil, apenas em 2020 o número de vagas para postos de trabalho em casa aumentou mais de 300% – e ainda tudo estava começando. A pandemia catalisou a tendência e evidenciou as vantagens claras tanto para empresários quanto para trabalhadores.
Os ganhos são óbvios. A equipe fica muito mais produtiva sofrendo menos distrações e gozando de maior conforto; os atrasos viram coisa do passado, ninguém tem mais a desculpa do trânsito para chegar ao escritório e o trabalho é mais flexível permitindo adequar os horários às necessidades.
Economicamente, o home office oferece benefícios para ambos – empregadores e colaboradores — e alguns gastos, como deslocamento e alimentação fora de casa, se tornam desnecessários.
Coincidindo, casa e escritório, as quatro paredes não precisam ser oito e o impacto ambiental do trabalho diminui drasticamente. Passa a existir um menor consumo de energia, de água, de internet, de produtos e horas manutenção e limpeza e — mais que tudo — menos necessidade de infraestrutura.
A captação de talento também fica mais fácil e a flexibilidade oferecida pelo home office ajuda a aumentar as chances de casamentos felizes entre a vida pessoal e o trabalho. Um programador surfista pode aceitar trabalhar para uma empresa em Brasília vivendo perto das ondas em Natal. E quanto mais feliz e bronzeado ele estiver, maiores são as chances de ele permanecer na ocupação, desempenhando bem a sua função.
Claro que também há desvantagens, mas todas elas apenas decorrem apenas do fato de ainda estarmos aprendendo a viver na ressaca da hora do rush. Por isso, alguns de nós — aproveitando a vacinação e o fim do medo que a excessiva comunicação criou — ainda estamos querendo voltar ao escritório, mas é só para checar que é mesmo a última vez.