Um dos principais articuladores do movimento ultradireitista mundial, o marqueteiro Steve Bannon, chefe da campanha que elegeu Donald Trump, chamou a atenção para a atual ordem de prioridades de seu trabalho político. E a primeira delas é o Brasil. No evento Cyber Symposium, em Dakota do Sul, organizado para questionar o resultado das eleições norte-americanas, no último dia 12, Bannon desfiou mentiras sobre as urnas eletrônicas e enalteceu o presidente Jair Bolsonaro e seu filho 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), palestrante do encontro. Deu também indicações de que trabalha duro contra a democracia brasileira e morre de medo de Lula. Bannon se sente uma alma gêmea da família Bolsonaro e está disposto a se envolver com a eleição majoritária no País, em 2022. Ele se alimenta do supremacismo branco e destaca o globalismo como o grande mal da humanidade. Em 2020, foi preso, acusado de fraude. Pagou fiança e agora responde ao processo em liberdade.

Eduardo Bolsonaro participou do evento nos Estados Unidos a convite de Bannon e de Mike Lindell, outro ativista político conservador. O filho do presidente aproveitou a oportunidade para esculachar o sistema eleitoral brasileiro, um dos melhores e mais seguros do mundo. Numa fala mentirosa e vitimista, lamentou que, desde 1996, o Brasil tenha perdido “o direito de contagem pública dos votos” por causa da automação e acusando vulnerabilidades imaginárias no sistema. A revista americana The New Republic publicou que Bannon quer fazer do Brasil o novo campo de batalha do MAGA, o lema da campanha de Trump, sigla da expressão em inglês “make America great again”. E, pela sua lógica, para aplicar essa ideia ufanista por aqui, é necessária uma eleição com votos impressos.

FAKE NEWS Estratégia do filho 03 está alinhada com o supremacismo branco e voto impresso (Crédito:Daniel Marenco)

“Se nós usarmos cédulas de papel ganharemos todas as eleições nos próximos 100 anos”, declarou no Cyber Symposium. Afirmou também na conferência que “Eduardo e o pai vão enfrentar o esquerdista mais perigoso do mundo, Lula”. E cravou que Bolsonaro ganha, “a não ser que seja roubado pelas máquinas”. A Polícia Federal já detectou os avanços de Bannon sobre a democracia brasileira e monitora seus movimentos no âmbito dos inquéritos das milícias digitais e das fakenews, autorizado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. O americano trabalha para criar um movimento internacional de ultradireita. Nos últimos anos circulou bastante pela Europa, mas agora sua prioridade é o Brasil. Embora seja contra a globalização, o marqueteiro do caos quer se globalizar.