John Bacon é americano, tem 55 anos e mora na cidade de Ann Arbor, no estado de Michigan. Trata-se de um autor de literatura esportiva recordista em vendagem de livros. Há um ano vinha treinando duro para a tradicional Maratona de Boston (quarenta e dois quilômetros), mas o coronavírus foi mais veloz e a prova teve de ser adiada para setembro. Bacon entristeceu, mas não desistiu. Como abrir mão de sua primeira competição? Nem sonhar. Improvisou a própria e solitária maratona em Ann Arbor, e traçou um percurso bem original: largou da casa de seus pais, passou pelas escolas em que estudou ao longo da vida, claro que não esqueceu dos bares e parques que tanta ama nem do estádio do Michigan, fã que é de beisebol. Sua grande surpresa, para quem pensou em correr sozinho, foi que cerca de cem pessoas o acompanharam na jornada. “Não esperava mais do que três ou quatro seguidores”, diz ele. “O que aconteceu foi incrível”. Outro detalhe inédito: um corredor mantinha pelo menos cem metros de distância do outro, em respeito ao isolamento social, sem prejuízo da corrida que era de resistência e não de velocidade. Bacon levou quase seis horas para cruzar a linha de chegada. Em um show de resiliência e alto astral, ganhou a prova e ganhou do vírus.

E a vida continua…
Claro que John não esqueceu dos bares e parques que ama nem do estádio do Michigan, fã que é de beisebol

SOCIEDADE
Brasil voltará ao mapa da fome

Sergio LIMA / AFP

A maior agência humanitária da ONU é o Programa Mundial de Alimentos. O economista Daniel Balaban é diretor do escritório brasileiro nessa entidade. O seu diagnóstico sobre os efeitos econômicos da pandemia é cortante e realista: o País caminha para novamente integrar o mapa da fome. Há um triste cálculo: cinco milhões e meio de brasileiros devem mergulhar na extrema pobreza. O total de pessoas nessa condição de vulnerabilidade deverá chegar a 14,7 milhões até o final desse ano. Para ingressar no desumano e trágico mapa da fome um país precisa ter 5% de sua população em estado de extrema miséria.

BRASIL
Militares recebem de forma irregular os R$ 600 emergenciais

MINISTERIO DA DEFESSA

Constatação dos Ministérios da Defesa e da Cidadania: há fortes indícios de que o auxílio emergencial de R$ 600, criado pelo governo federal, foi pago de forma irregular a pelo menos setenta e três mil militares – ele nasceu em meio à pandemia para trabalhadores informais que sofreram violento baque em seus pequenos negócios. Os ministérios afirmam que identificaram militares da ativa, reserva, reformados e anistiados recebendo o auxílio. Na quinta-feira 14, o Tribunal de Contas da União determinou a devolução do dos recursos e abriu auditoria. Jair Bolsonaro, como sempre, colocou uma esburacada peneira diante do sol: o auxílio, segundo ele, teria ido a recrutas novos que ganham pouco. Inevitáveis perguntas: 1) existe recruta na reserva, capitão? A segunda: será que os R$ 600 não estão chegando às mãos de muita gente que merece recebê-los porque estão indo para as tropas?

Acredite se quiser Bolsonaro declarou que não há erros do governo na maracutaia que deu indevidamente a militares os R$ 600 emergenciais. Disse que foram os trabalhadores informais que “erraram”, que foi “erro dos interessados”

AGRICULTURA
Entre o vírus e o agrotóxico

CarolinaSmith

Enquanto o coronavírus e a pandemia amedrontam a população, um outro pavor invade os brasileiros: os agrotóxicos. O presidente Jair Bolsonaro aprovou 118 novos pesticidas. Além disso, os próprios produtores de agrotóxicos solicitaram a liberação de mais 216 produtos que ainda serão avaliados. Ou seja: esse número pode ser ainda maior.

AMBIENTE
Banco Central norueguês exclui Vale e Eletrobrás

O fundo soberano da Noruega é o maior e mais sólido em todo o mundo. Tem US$ 1 trilhão em ativos. Duas empresas brasileiras, a Eletrobrás e a Vale, foram excluídas de sua carteira de investimentos por motivos bem vexatórios. O gestor do fundo é o Norges Bank, que opera como banco central norueguês, e seu conselho executivo considerou que a Vale e a Eletrobrás não contribuem para a evitação de danos ambientais. Em decorrência disso, também passaram a violar direitos humanos. A Eletrobrás foi comparada a um “risco inaceitável” em relação aos transtornos e problemas envolvendo a usina de Belo Monte. Quanto à Vale, o conselho de ética a condenou por causa dos repetidos rompimentos de barragens — na região mineira de Brumadinho, o desastre ambiental causou também a morte de duzentas e setenta pessoas no ano passado.

ESPORTE
70 anos de Fórmula 1. E nenhum motor roncou

Portugal Ayrton Senna conquistou, em 1985, o seu primeiro troféu na Fórmula 1 (Crédito:Divulgação)
Divulgação

Pistas vazias e autódromos em silêncio. É assim que o maior campeonato de automobilismo em todo o mundo comemora os seus setenta anos de história. Devido à Covid-19, a Fórmula 1 suspendeu todos os festejos que estavam previstos para a quarta-feira 13. Nesse dia, em 1950, o italiano Nina Farina, da Alfa romeo, foi campeão da primeira temporada do Grande Prêmio, na cidade inglesa de Silverstone. Depois desse evento, ninguém mais parou a F-1, que teve como um de seus maiores ídolos o brasileiro Ayrton Senna.