Não se julgue o todo pela parte: o Brasil não endossa a cafajestice e a falta de urbanidade demonstradas por alguns de seus torcedores em relação às mulheres da Rússia, país anfitrião da Copa. Essa minoria está longe de espelhar os brasileiros em geral, que condenam qualquer atitude que cause constrangimentos a outras pessoas, independentemente do gênero. Vamos às baixarias:

• Baixaria 1 – Torcedores pátrios obrigaram uma russa a repetir frases, em português (idioma que ela não compreende), referentes à sua genitália e a relações sexuais – a moça ria porque achava que tudo não passava de cordiais brincadeiras. Os expoentes do machismo e do baixo calão gravaram vídeos com seus celulares e colocaram as imagens na internet. Ainda bem, porque, assim, pelo menos alguns deles puderam ser identificados. Luciano Gil Mendes Coelho: engenheiro piauiense. Pediu desculpas. Balela. Tanto assim que o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia já repudiou a sua atitude (em 2015 ele foi preso em investigação de fraude na Prefeitura de Araripina). Eduardo Neves: tenente da PM de Santa Catarina. Responderá a procedimento disciplinar na corporação. Diego Valença Jatobá: advogado e ex-secretário de Turismo da cidade pernambucana de Ipojuca. Terá de se explicar à comissão de ética da OAB.

• Baixaria 2 – O funcionário da Latam Felipe Wilson, que também adorou gravar o seu vídeo, nele aparece pedindo para um grupo de russas repetirem, em português, frases obscenas. A empresa já o demitiu.

• Baixaria 3 – No interior de um avião, alguns brasileiros cantaram músicas com letras pornográficas dirigidas à aeromoça.

• Baixaria 4 – Um brasileiro constrangeu um garoto, forçando-o a repetir frases sexuais que lhe eram humilhantes (ainda teve o cinismo de citar o nome de Neymar, jogador que demonstra todo o respeito em relação às crianças).

Alguns torcedores de outros países (México, Colômbia, Argentina) também vêm se comportando de forma inadequada. Voltemos, no entanto, aos brasileiros. Autoridades russas avaliavam na quinta-feira 21 a possibilidade de processá-los nas áreas civil e criminal, diante da indignação dos movimentos de defesa da mulher. No Brasil, o Ministério Público Federal já abriu ação por injúria.

ELEIÇÃO
A Colômbia testa as Farc

Fernando Vergara

O cadidato de direita, Iván Duque (foto), foi eleito no final da semana passada o novo presidente da Colômbia (toma posse dia 7 de agosto), derrotando o esquerdista Gustavo Petro, ex-membro do movimento terrorista M-19. A população votou em Duque como quem tira um nó da garganta: o excessivamente amplo e generono acordo de paz firmado entre o atual presidente, Juan Manuel Santos, e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que por mais de meio século espalharam o terror pelo país. A principal promessa de campanha de Duque foi rever o acordo e, em tal revisão, tirar os assentos no parlamento dos ex-integrantes das Farc que cometeram crime de sangue.

BRASIL
A absolvição de Gleisi e a Lava Jato

Givaldo Barbosa

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler foram absolvidos pela II Turma do STF, na terça-feira 19, das acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato. Os cinco ministros alegaram falta de provas concretas, afirmando que a denúncia do Ministério Público Federal se baseava apenas em delações. Para o próprio MPF, no entanto, as absolvições podem ser sinal de que existem tentativas de paralisar a Lava Jato. Gleisi ainda é alvo de duas denúncias.

TRÂNSITO
Dez anos de Lei Seca no País

Já faz uma década que a Lei Seca vigora no Brasil punindo quem é flagrado na condução de veículo após ingestão de bebida alcoólica. Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito, o número de motoristas que sofreram algum tipo de punição, em 2008, foi 12.767. Saltou para 81.744 no ano passado. Mais: 16% dos motoristas, em todo o País, reconhecem que dirigem após beber, de acordo com notificações do Ministério da Saúde. E os homens admitem, mais do que as mulheres, que estão desrespeitando a lei (11,7% e 2,5%, respectivamente). Estudo do Centro de Pesquisas da Escola Nacional de Seguros estima que, nos últimos dez anos, 40 mil vidas tenham sido poupadas graças à Lei Seca.

OMS
Vício em videogames

A OMS catalogou o vício em videogames como distúrbio mental: gaming disorder (transtorno do jogo). Já está incluído na nova edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), publicada na terça-feira 19. Estima-se que existam cerca de 2,3 bilhões de jogadores de game em todo o mundo. Psiquiatras de diversos países (incluindo o Brasil) explicam: pessoas compulsivas por games são portadoras de “distúrbio relacionado a comportamentos viciantes”.
* A CID-11 retirou a transexualidade do campo da saúde mental e a transferiu para “condição relativa à saúde sexual”. O fato foi comemorado no Brasil pelo movimento LGBT. Segundo a OMS, o estigma social fica, assim, pelo menos atenuado.