18/12/2017 - 12:15
“Virtus in medium est”. Ou, em bom português, a virtude está no meio. A frase de Aristóteles em “Ética a Nicômaco” norteia a vida da arquiteta Patrícia Anastassiadis. Filha de pai grego e mãe com ascendência polonesa, a profissional é referência no mercado hoteleiro nacional e internacional. É ela quem assina o projeto de design das áreas sociais do luxuoso Palácio Tangará, o primeiro hotel seis estrelas de São Paulo, com diária que pode chegar a R$ 38,2 mil — a mais cara da cidade. Para Patrícia, contudo, o luxo não está intrínseco ao preço dos objetos. “O luxo tem a ver com a harmonia”, diz. A prova é que, no próprio Tangará, a arquiteta reúne peças sofisticadas como a mesa Spechio di Venere, do italiano Massimiliano Locatelli, com as cerâmicas em tons terrosos da artista brasileira Heloísa Galvão. Além de belas, elas têm um preço mais acessível. “Eu não projeto pensando no luxo. O resultado dele é luxuoso porque as pessoas percebem que ali há uma história”, afirma. Contar uma história é o ponto de partida do trabalho de Patrícia. “Onde estou, qual é o local, quais as influências, tudo isso é fonte de minhas preocupações ao criar um projeto.” No caso do Palácio Tangará, a ideia é mostrar como um europeu vê o Brasil. Para isso, ela mistura elementos e texturas.
A conexão de Patrícia com a arquitetura começou com um empurrão da mãe, que trabalhava como estilista. Ainda na adolescência, a arquiteta queria cursar moda, já que tinha crescido no meio da confecção feminina de propriedade da família, no Bom Retiro. Foi a própria mãe que incentivou a filha a estudar arquitetura. Deu mais que certo. Aos 21 anos, Patrícia entrou na faculdade Mackenzie, e descobriu ali uma paixão. Do primeiro escritório, ainda na varanda de casa, foi responsável pelo projeto do restaurante Filomena, comandado pelo chef Alex Atala. Isso lá em 1994. Desde então, a carreira decolou, e a arquiteta fechou negócios com o hotel Ritz Carlton, em Santiago, no Chile, e o Hilton Barra, no Rio de Janeiro. Ela diz que o sucesso não a fez esquecer a função social da arquitetura. “Se a cidade é harmônica, você organiza o cidadão e traz felicidade”, garante. Para levar adiante esse ideal, criou, ao lado do irmão, o Instituto Cultural Anastassiadis, voltado à restauração de patrimônios e monumentos históricos.