Recado ao presidente
“Regimes autoritários,e não repúblicas democráticas, reprimem protestos com agentes sem identificação” Jeff Merkley, senador do estado de Oregon (Crédito:CHIP SOMODEVILLA)

Está ocorrendo nos EUA mais uma manobra de um desesperado Donald Trump que vê a possibilidade de sua reeleição à presidência esvaziar mais e mais a cada dia. Desde o covarde assassinato de George Floyd (negro que morreu asfixiado porque um policial branco ficou ajoelhado em seu pescoço), a cidade de Portland tornou-se palco de incessantes manifestações, das quais participam muitos imigrantes que, como os negros, se sentem discriminados. Pois bem, Trump enviou para a cidade agentes militares de duas agências. Uma é a de Imigração e Controle de Aduanas e a outra é da Alfândega e Proteção de Fronteira. Esses agentes, em roupas de camuflagem e sem se identificarem, estão atuando como provocadores e causadores de tumultos, prendem negros e imigrantes indiscriminadamente e levam-nos a destinos desconhecidos. Na semana passada, essa situação se tornou excessivamente tensa, sobretudo depois que Trump começou a enviar tropas fortemente armadas também para Chicago, Nova York e Detroit. Diz presidente que o motivo é a necessária contenção da violência. Agora, eis o detalhe que explica a baixa estratégia da Casa Branca: todos esses locais são administrados pelo Partido Democrata, que lhe faz oposição. Dessa forma, Trump tenta minar seus adversários políticos e prende ilegalmente negros e imigrantes que não apoiam e jamais apoiarão a sua reeleição. Já há na Justiça americana inúmeras ações contra a atitude de Trump, mas nada indica que ele deixará de lado o seu jogo sujo.

Guerra Fria

MARK FELIX

O governo dos EUA mandou fechar o consulado chinês na cidade de Houston, no Texas. Motivo? “Espionagem” e “defesa da propriedade intelectual”. Tudo isso depois de os americanos acusarem chineses de invasão hacker em estudo sobre a vacina do coronavírus. A China promete retaliação.

Comportamento
Tão perto e tão longe

Cisjordânia Infectada, a mãe de Jihad morreu sozinha no quarto do hospital: despedida pela janela (Crédito:Divulgação)

Os braços apoiados no joelho, a máscara no queixo e os olhos vidrados no horizonte, sem se importar com a vida ao redor. Jihad Al-Suwaiti sentou-se no parapeito de um hospital palestino, na Cisjordânia, olhando para os últimos respiros da mãe, internada do outro lado da janela. A foto, tirada de um celular e com pouca qualidade, é o retrato do mundo que descobriu um inimigo invisível — o vírus. Sem contato físico, sem abraço, a despedida apenas com o olhar virou a representação das mortes do coronavírus. “Senti que o mundo se fechou”, ele disse após ver a morte da mãe a sua frente, tão perto e tão longe. E, assim, o mundo se fechou na dor de Jihad. Mesmo com o distanciamento social o mundo abraçou a sua dor.

SOCIEDADE
O aumento de armas no País

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guruXOOX

Já são dez anos que o Brasil vem recebendo de seus presidentes um péssimo presente: medidas que facilitam o acesso a armas de fogo. Tudo piorou mais ainda na gestão de Jair Bolsonaro. O resultado é o pior possível:

  • Aumento de 601% de armamento com civis
  • 33.776 novas armas registradas em 4 meses de 2020
  • A cada 100 mil habitantes 242,9 possuem arma de fogo

ADMINISTRAÇÃO
O nepotismo do ministro Braga Netto

Marcello Casal JrAgência Brasil

Isabela Oassé de Moraes Braga Netto, filha do ministro da Casa Civil, Braga Netto, foi por ele indicada para ocupar um cargo na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Ela recusou a nomeação, mas, se tivesse aceitado, duraria pouco na função. O caso iria bater inevitavelmente às portas do Supremo Tribunal Federal, que em 2008 já decidiu que coisas desse tipo configuram claro nepotismo — ou seja, são ilegais. Estranha-se que um ministro da Casa Civil não tenha conhecimento dessa súmula da Corte, até porque ela possui caráter vinculante e foi amplamente divulgada. O trabalho de Isabela seria na área técnica com salário mensal de R$ 13 mil.

Saúde
Os estados não querem cloroquina

Não tem fim a triste e perigosa história da cloroquina no Brasil. Deve-se isso ao presidente Jair Bolsonaro. Graças a sua teimosia e irresponsabilidade, o País está com onze milhões de doses, o que se traduz em estoque para trinta e oito anos — chega-se a esse resultado somando-se a produção dos laboratórios do Exército à quantidade produzida por Farmanguinhos e ao lote enviado por Donald Trump. Tudo isso foi ele, Bolsonaro, quem pediu. Agora surge o mais novo capítulo dessa novela. Os EUA enviaram três milhões de comprimidos de hidroxicloroquina em frascos com cem cápsulas. É preciso fracionar a droga em embalagens com a dose adequada. Essa operação tem de ser supervisionada por farmacêuticos. O presidente quer que os governadores arquem com as caras despesas do fracionamento. Eles, que não pediram nada, estão dizendo não.

 


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