UNIÃO Depois de a partida ter sido encerrada na terça 8, um novo jogo foi marcado para a quarta 9: um minuto de silêncio (Crédito:XAVIER LAINE)

Entra para a história da luta contra o racismo o décimo quarto minuto do primeiro tempo do jogo entre Paris Saint-Germain e Istanbul Besaksehir, da Turquia. A partida, disputada na terça-feira 8, no estádio Parque dos Príncipes, em Paris, valia pela última rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa. Aos quatorze minutos, o jogador brasileiro Rafael, que defende o Istanbul, recebeu cartão amarelo e membros da comissão técnica protestaram. O quarto árbitro, o romeno Sebastien Coltescu, teria cometido injúria racial contra Pierre Webó, assistente do Istanbul: “negro, sai daí. Você vai embora”. É nesse ponto que o jogo entra para a história da democracia e igualdade racial. Jogadores de ambos os times, negros e brancos, exigiram que Coltescu não mais continuasse na arbitragem — foram liderados pelo brasileiro Neymar, pelo PSG, e pelo atacante Demba Ba, do clube adversário. Duas horas de protestos se passaram até que o árbitro principal decidiu pelo afastamento de Coltescu. Ainda assim, os atletas do Istanbul Besaksehir não mais retornaram ao gramado e foram apoiados pelo Paris Saint-Germain. Não é de hoje que ocorrem no futebol ofensas racistas, e também não é essa a primeira vez que jogadores se manifestam francamente contra o preconceito. Mas é inédito o fato de dois times se unirem contra coisas desse tipo e abandonarem o campo.

FRANCK FIFE

O jogo estava empatado em zero a zero. Na quarta-feira 9, a partida seguiu com a vitória do Paris Saint-Germain por cinco a um — três gols do líder Neymar.

Quem é o quarto árbitro

Até a semana passada, Sebastien Coltescu (à esq.) era um árbitro totalmente desconhecido. Tem 43 anos e nunca foi escalado como juiz principal de uma partida importante. Integra o quadro de arbitragem da FIFA desde 2006, mas quase teve seu registro cancelado um ano depois devido a más atuações.

LIVROS
Um chocante relato da pedofilia no Haiti

Divulgação

A escravidão, a exploração sexual de crianças e sua domesticidade são práticas inaceitáveis. É em tal cenário, denunciado por um trabalho sistemático de reportagens, que a jornalista Iara Lemos, editora de Política de ISTOÉ, em Brasília, constrói o seu excelente livro “Cruz Haitiana — como a Igreja Católica usou de seu poder para esconder religiosos pedófilos no Haiti” (Editora Tagore). Foram mais de dez anos de pesquisas, em que a autora contou com apoios como o do advogado Mitchell Garabedian, profissional responsável pelas ações que fortaleceram a investigação do caso Spotlight, no início dos anos 2000, nos EUA. Na questão abordada por Iara, são as crianças haitianas, pobres e debilitadas, o alvo das atrocidades sexuais dos religiosos. Por meio de depoimentos de vítimas e acesso a ações judiciais em quatro países, ela desmembra a rede criminosa. No Haiti, que tem o pior IDH das Américas, as crianças trocam sexo por banho e comida, alimentando a rede de pedofilia.

MÚSICA
Bob Dylan vende suas canções por US$ 300 milhões

Divulgação

Todo o catálogo de composições de Bob Dylan, incluindo clássicos da música americana como “Like a rolling stone”, foi comprado pela Universal Music. Segundo o jornal “The New York Times”, o valor do negócio está estimado em US$ 300 milhões. A aquisição de catálogos de artistas consagrados em todo o mundo cresce de acordo com a popularização do streaming. Dylan foi o primeiro músico a ganhar um Prêmio Nobel de Literatura. Conquistou também onze Grammys, um Oscar e um Globo de Ouro.

DESCOBERTA
Maior pau-brasil do País é encontrado na Bahia

Cassio Vasconcellos

São quinhentos anos de vida. Essa é a idade do pau-brasil mais antigo do País. Ele foi encontrado, na semana passada, no sul da Bahia, em uma cidade chamada Itamaraju. “Uma árvore de proporções e idade até então desconhecidas para a espécie”, escreveu o botânico Ricardo Cardin, que foi até o local para confirmar a descoberta. Resta, agora, saber se a relíquia será, de fato, conservada por nossas autoridades e não dizimada como fora há quinhentos anos. Pelo sim, pelo não, é bom não avisar Ricardo Salles.