Há os desprovidos de profundidade analítica da crise política que defendem aderir já à candidatura do corrupto Lula para derrotar o genocida Bolsonaro, mas há ainda uma boa parcela que apoia a viabilização de uma candidatura de centro capaz de romper com a polarização populista que certamente nos jogará no totalitarismo, de esquerda ou de direita. Sem Huck e Amoêdo, que desistiram da disputa, o jogo do centro se afunila agora entre Doria, Ciro e Mandetta, os poucos que restaram em condições de disputar a primazia de representar um terço do eleitorado que não quer nem Lula e nem Bolsonaro. Moro, que era outra alternativa, vem titubeando e, ao mudar-se para os EUA, deixa clara sua opção pelo aprimoramento da carreira profissional ao invés da corrida presidencial.

Tucanos

No PSDB, o candidato mais viável é o governador de São Paulo, por ser aclamado como “o pai da vacina”, o que, certamente, lhe dará maior densidade eleitoral, muito além do governador gaúcho, que não tem um legado nacional, do senador Jereissati, que tem atuação restrita ao Ceará, e do ex-prefeito de Manaus, que não tem maior relevância.

No páreo

Outros nomes ainda estão no jogo. Ciro Gomes tem chances, mas, como aconteceu em 2018, está sendo traído pelo PSB que deve, mais uma vez, trocar o PDT pelo PT. Mandetta também tem popularidade, mas o DEM deverá rifá-lo para ficar com Bolsonaro. Está surgindo, ainda, Rodrigo Pacheco, pelo PSD, embora ele não tenha grande lastro nacional.

Gol contra

Marcos Oliveira

De janeiro de 2019 a maio de 2021, o deputado Eduardo Bolsonaro gastou R$ 174,9 mil da sua cota parlamentar para a contratação de locação de automóveis com a Quasar Locadora. Até aí tudo bem, não fosse o fato da empresa pertencer a Moacir Mustefaga, antibolsonarista. No seu perfil no Facebook, defende o “Fora Bolsonaro/Impeachment já”. O serviço de informações paralelo do clã não está funcionando.

Retrato falado

“Doria é candidato à presidência da República” (Crédito:Rodrigo Capote)

O presidente do Diretório Estadual do PSDB de São Paulo, Marco Vinholi, foi o representante do governador paulista na reunião da executiva do partido que decidiu o formato das prévias que escolherão o candidato tucano a presidente em 2022. Apesar do modelo adotado ter reduzido a participação dos filiados, ao contrário do que Doria desejava, Vinholi não sentiu o golpe. “O PSDB terá candidatura própria em 2022 e João Doria é candidato à presidência da República.”

Miséria dispara

Se não bastasse fazer uma gestão genocida na Saúde, o governo Bolsonaro está sendo responsável também por recolocar o Brasil no mapa da fome. O que atestou a trágica constatação foi a divulgação, nesta semana, do índice da miséria no País, resultado da soma da inflação e dos elevados números do desemprego. Em maio, esse indicador atingiu o maior nível desde 2012. O cálculo foi estimado por Sérgio Vale, da MB Associados, um dos mais sérios economistas brasileiros. Ele contabilizou que a miséria alcançou o pico de 23,4 pontos no mês passado e que agora, em junho, o número deve piorar, chegando a 23,7 pontos. No final do ano passado, o índice foi de 18,4 pontos.

Desemprego

Não é para menos. O desemprego é estimado em 15,3% (mais de 15 milhões de pessoas), muito acima dos dados oficiais divulgados pelo IBGE em março, de 14,7%. Nesse mês, por exemplo, o índice de miséria era de 20,8 pontos, igual ao registrado em agosto de 2016, auge da crise econômica deixada por Dilma.

Toma lá dá cá

Júlio Delgado, deputado pelo PSB-MG (Crédito:ED FERREIRA)

O PSB tem atraído nomes importantes da política, como Marcelo Freixo e Flávio Dino. O que está por trás disso?
A vinda deles tem o intuito de consolidar o partido. Também tem a conotação de mostrar a pujança dos estados que eles representam.

Qual deve ser a linha do PSB em para 2022? Compor uma aliança ou ser cabeça
de chapa?
Especula-se que a chegada deles tem a ver com uma aproximação com Lula. Mas não podemos fazer essa vinculação. A gente não precisa de Lula para derrotar Bolsonaro.

O senhor acha que a pandemia pode prejudicar Bolsonaro em 2022?
A lentidão com relação à vacinação vai desgastá-lo. O negacionismo da vacina e a tentativa de gerar a imunização de rebanho estarão colados a ele.

Ruptura sindical

Após romper com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o presidente da Fecomércio do Ceará, Luiz Bittencourt Gastão, está adotando métodos ditatoriais de trabalho, rompendo com o vice, Mauricio Filizola, e demitindo antigos colaboradores. Está tomando decisões contra o Sesc e o Senac e perdendo o apoio de todos os 34 sindicatos associados.

Fecomercio Ceará

Má gestão

Vale lembrar que o presidente da Fecomércio cearense tem um longo histórico de confrontos, lobbies e indícios de má administração à frente das empresas Auxílio e Umanizzare, que geriram os presídios do Amazonas durante
as duas maiores rebeliões registradas em Manaus, em 2017, e que deixaram um saldo de 56 mortos. Um péssimo gestor.

Os 90 anos de FHC

Divulgação

Considerado um dos maiores intelectuais brasileiros, Fernando Henrique Cardoso comemorou os 90 anos na sexta-feira, 18, com uma live promovida pelo PSDB e que reuniu depoimentos dos filiados mais importantes do partido. Além de escritor consagrado, que acaba de lançar “Um intelectual na política”, FHC terá sua vida escrutinada no filme “O presidente improvável”.

Rápidas

* Embora não tenha cargo no governo, o senador Flávio Bolsonaro age como primeiro-ministro. Viaja em nome do Estado, como aconteceu há quinze dias aos Estados Unidos para cuidar do contrato do 5G, nomeia ministros e indica magistrados para cargos no STF, STJ e TSE.

* Foi só Lula viabilizar a candidatura para o ex-ministro José Dirceu reaparecer no cenário nacional. Ele, Chico Buarque e Marilena Chauí estão lançando o movimento “Geração 68, sempre na luta”, contra Bolsonaro.

* Augusto Aras está mesmo em baixa. O procurador José Robalinho Cavalcanti foi o mais votado para o Conselho Nacional do Ministério Público Federal. O candidato de Aras, Anderson Lodetti, não ficou entre os três mais votados.

* Investigado no inquérito dos atos antidemocráticos, o empresário Luciano Hang, amigão de Bolsonaro, foi alvo de um relatório da Abin, em julho do ano passado, em que sua fortuna é apontada como “inconsistente”.