O milanês Gianni Ratto (1916-2005) é dono de uma biografia que parece obra de ficção. Ele lutou na Segunda Guerra, desertou, integrou a Resistência Italiana e trabalhou ao lado da soprano Maria Callas e do compositor Igor Stravinsky como cenógrafo de óperas. Nos anos 1950, escolheu morar no Brasil, país que conhecera a convite da atriz Maria Della Costa. Figura fundamental na criação do moderno teatro brasileiro, renovou as artes cênicas em todos os campos. Sob sua direção, Fernanda Montenegro estreou como protagonista. Em 1967, inaugurou o Teatro Novo, reunindo atores, corpo de baile e orquestra sinfônica. Durante o regime militar, dirigiu espetáculos de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar para o Grupo Opinião — além da peça “Gota D’Água”, de Chico Buarque, com Bibi Ferreira.

Parte desse trabalho pode ser conhecido a partir da terça-feira 7, na área de convivência do Sesc Consolação, em São Paulo. A exposição “Gianni Ratto — 100 anos” é montada como num palco, com objetos dispostos em painéis pendurados por cordas. São fotos, esboços, croquis, maquetes, objetos e recortes de jornal que recompõem os espetáculos para os quais ele emprestou seu talento criativo. Algumas obras vieram dos teatros Piccolo e Alla Scala, de Milão, e Dell’Opera, de Roma.