A maior apreensão em dinheiro vivo da história do País continua a causar baixas no meio político. O mais novo alvo da investigação da Polícia Federal é o deputado Lúcio Vieira Lima, irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima. A PF apura se o parlamentar tem ligação com os R$ 51 milhões encontrados em um apartamento em Salvador e atribuídos a Geddel. A pedido da Procuradoria-Geral da República, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, expediu quatro mandados de busca e apreensão – um deles foi cumprido no gabinete de Lúcio na Câmara. A PF também esteve em dois endereços ligados ao deputado, em Brasília e Salvador. O quarto mandado judicial foi cumprido na casa de seu secretário parlamentar, Job Ribeiro Brandão.

Os investigadores encontraram digitais de Brandão no ‘bunker de Geddel’ e em algumas notas de dinheiro. Ele é funcionário da Câmara desde 2010, e atualmente, recebe salário de R$ 14,3 mil, segundo registros do Portal da Transparência. No apartamento de Salvador, também foi encontrada uma nota fiscal em nome de uma funcionária de Lúcio Vieira Lima, o que levantou a suspeita de que o deputado pode ter sido um dos beneficiários dos R$ 51 milhões. Além disso, de acordo com as investigações, o imóvel teria emprestado ao parlamentar por um amigo da família e era usado por Geddel para esconder o dinheiro. A síndica do prédio também disse à PF que entregou a chave do apartamento para Lúcio. Ou seja, todos os indícios levam ao irmão-incômodo de Geddel. Mesmo assim, a defesa do deputado negou as acusações e classificou a ação policial de “desnecessária e drástica”.

As buscas no gabinete duraram quase cinco horas. Agentes da PF deixaram o local, no sexto andar do anexo IV da Câmara, carregando um malote com documentos. Essa é a primeira operação conduzida por Raquel Dodge à frente da PGR. As medidas cautelares foram um desdobramento das investigações que apuram a origem e a responsabilidade pelos R$ 51 milhões apreendidos no dia 5 de setembro. A descoberta do ‘bunker’ em Salvador levou à prisão de Geddel Vieira Lima. Na ocasião, ele estava em regime domiciliar, mas teve a prisão preventiva decretada pela 10ª Vara Federal de Brasília. A PF encontrou digitais do ex-ministro nas sacolas de dinheiro. Atualmente, ele está detido na Papuda, em Brasília.

O ministro Edson Fachin decidiu desmembrar as investigações contra os irmãos Vieira Lima. A parte que apura o envolvimento de Lúcio com os R$ 51 milhões apreendidos no ‘bunker’ de Salvador ficará no STF em razão da prerrogativa de foro. Já a fraude na liberação de créditos da Caixa ao tempo em que Geddel foi vice-presidente da instituição ficará na primeira instância por não envolver autoridades com foro privilegiado. O caso será conduzido pela Justiça Federal do DF. Por força da lei, os irmãos Vieira Lima terão destinos diferentes.