2431-SEMA-02

É dever da polícia ir atrás de toda informação recebida que possa eventualmente esclarecer um crime – mesmo quando diversas pistas já se revelaram falsas. Esse é o caso do assassinato da modelo Eliza Samudio, sequestrada e assassinada em 2010 pelo ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes de Souza, de quem era amante. Ele cumpre pena de 22 anos de prisão em Minas Gerais. Após o assassínio, Bruno e comparsas vilipendiaram o corpo e ocultaram-no.

Na semana passada, como que surgido do nada, apareceu um irmão de Bruno, chamado Rodrigo Fernandes e que está preso no Piauí, a dizer em depoimento à polícia que sabe onde se encontram os restos mortais de Eliza, mas quer trocar a informação pela sua inclusão em programa de proteção à testemunha. ISTOÉ apurou que a polícia do Piauí tem razões de sobra para desconfiar: Rodrigo está preso por quatro estupros, e por isso quer proteção pois sabe que será morto pelos presos na cadeia em que está – a lei das prisões é que estuprador bom é estuprador morto.

2431-SEMA-03

Rodrigo enfiou na história o Comando Vermelho e o Primeiro Comando do Maranhão, mas tais organizações criminosas não aceitam estupradores – ao contrário, matam-nos. Assim como a polícia já seguiu informações disparatadas (Eliza teria sido devorada por cães, Eliza teria sido emparedada, Eliza teria sido incinerada), também o depoimento de Rodrigo será levado em conta se ele disser onde está o corpo. Mas o ceticismo é alto. “O irmão do Bruno tem um histórico de inverdades, um histórico de mentiroso”, diz o secretário de Segurança do Piauí, Fábio Abreu.