São filhos de italianos, nova-iorquinos e contemporâneos, mas nunca tinham feito um filme juntos. No imaginário dos cinéfilos, porém, parecem estar unidos por algum vínculo espiritual. O diretor Martin Scorsese, 76, e os atores Al Pacino, 76, e Robert De Niro, 79, se uniram pela primeira vez no longuíssima-metragem “O irlandês”, de 209 minutos. A saga mafiosa, adaptada do livro homônimo de Charles Brandt, de 2004, versa sobre a vida do irlandês Frank Sheeran, capanga do sindicalista caminhoneiro Jimmy Hoffa. De Niro adorou livro, comprou os direitos de filmagem e a primazia de fazer o papel principal na produção da Netflix. Como sempre, convidou Martin Scorsese, com quem fez nove filmes, para rodarem um épico sobre a Máfia nos anos 1950 e 1960. Para viver Hoffa, sugeriu o velho amigo Al Pacino. Ambos trabalharam em “O poderoso chefão II” (1974) e em outros dois policiais menores. Receoso com a fama de intratável de Pacino, quis saber como era trabalhar com ele. “Al é um amor”, disse De Niro. A química foi perfeita. Afinal, são praticamente a mesma pessoa, assim como Joe Pesci e Harvey Keitel, que completam o rol de astros. Em cartaz desde 14/11 em 19 cinemas do Brasil e estreia mundialmente em 27/11 na Netflix.

Niko Tavernise

Um réquiem sindical

Quando a Netflix passou a produzir filmes, Martin Scorsese vaticinou o fim do cinema. Mas fez um trato para estrear “O irlandês” nas salas de exibição e, duas semanas depois, nos dispositivos digitais. O filme custou US$ 160 milhões, um recorde, gastos com efeitos especiais para rejuvenescer 40 anos atores anciãos. O resultado é uma epopeia às avessas, com grande elenco, sobre a queda da Máfia, a perda dos cassinos cubanos, o apoio a Kennedy e as execuções seriais dos anos 1960. Tudo envolto na fotografia fosca, com ares de época.

 


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