O incômodo de petistas com a reeleição ilimitada no partido

Proposta que altera estatuto foi aprovada pela Executiva Nacional em reunião acalorada nesta semana

O incômodo de petistas com a reeleição ilimitada no partido

A decisão de alterar a regra de reeleição para cargos disputados pelo PT incomodou parte da cúpula do partido, que não foi consultada sobre o tema. À IstoÉ, correligionários afirmam ter sido pegos de surpresa com a medida.

Nesta semana, a Executiva Nacional do PT pôs fim à limitação de reeleição para cargos disputados pelos filiados e também em eleições internas do partido. Antes, a legenda limitava a até três reeleições para todos os cargos, exceto o Senado, em que a restrição era de apenas duas reeleições de oito anos cada.

Entretanto, alguns membros da alta cúpula do partido só souberam da mudança após a reunião. Um correligionário diz ter achado “péssima” a ação do partido ao tomar a decisão sem um debate entre os membros. Já outro afirmou que “faltou democracia” no trato sobre o assunto com o “chão de fábrica” do partido.

Na avaliação dos partidários, a medida deveria ter sido debatida em um congresso ou até mesmo no aniversário do PT, que acontecerá no fim desta semana.

A decisão não valerá apenas para disputas eleitorais externas, mas também para eleições internas do partido. Alguns correligionários apontam que a medida deve favorecer alguns membros da própria Executiva Nacional, como a tesoureira Gleide Andrade. Internamente, alguns filiados chamaram a ideia de “Emenda Gleide”.

Divisão na ala lulista

Além do incômodo com a nova resolução, alguns petistas precisam lidar com outro fator interno: a divisão da ala Construindo um Novo Brasil (CNB), liderada por Lula.

Lula e a ala mais alinhada ao centro da cúpula querem o nome de Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara, como novo presidente do partido. O nome de Edinho é bem visto por grande parte da legenda e, de acordo com fontes, deve ser eleito com tranquilidade.

Mesmo com o favoritismo do ex-ministro de Dilma Rousseff, membros da CNB querem partir para o embate e lançar outro candidato. A ideia é defendida pela ala mais alinhada à atual presidente do partido, Gleisi Hoffmann, que prefere um nome mais à esquerda e do Nordeste para comandar os petistas nas eleições de 2026.

Um partidário disse à IstoÉ que Edinho já é até chamado de presidente internamente e deve vencer a eleição sem resistências. Já outro membro do partido avalia que a CNB não deve lançar outro candidato e que haverá um debate e um consenso para a indicação do ex-prefeito de Araraquara ao cargo.