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O clima de pânico no meio político deflagrado pela prisão do ex-deputado Eduardo Cunha levou parlamentares tucanos a fazer contas. O cálculo é sofisticado, mas não é impossível. Caso o governo Temer seja alvejado a ponto de não parar de pé, eles enxergam ao menos duas saídas jurídicas para a substituição presidencial: se for depois de dezembro, as ações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) podem levar à cassação da chapa Dilma/Temer e, assim, o Congresso faz eleição indireta. Até aí, ok. Mas contam com a intrigante possibilidade de o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki (foto) levar a plenário ações que questionam a validade do impeachment. Com o processo anulado, a petista voltaria ao poder, abriria mão do mandato e convocaria novas eleições.

E se…

Apesar de remota, a hipótese de Dilma voltar para convocar novas eleições poderia ter respaldo na sociedade. Não porque o governo da petista faça falta para alguém. Mas para tirar das mãos do combalido Congresso Nacional, que não desfruta hoje de muita confiança pública, a decisão de escolher quem seria o próximo presidente do Brasil.

Sem sinal

Empresários que movimentam o PIB do Brasil também estão apreensivos com a prisão de Eduardo Cunha e o que ele pode vir a contar em uma eventual acordo de delação premiada. Porém, ao menos agora o telefone pessoal dos milionários vai parar de receber insistentes pedidos para encontro com Cunha. Melhor para declinar.

Bem preso

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Se Luís Cláudio, filho de Lula, quiser recuperar seus bens levados pelos investigadores da operação Zelotes vai ter que melhorar a defesa. Na última semana, a 6ª Turma do STJ negou, por unanimidade, pedido para restituir material apreendido de sua empresa, a LFT Marketing Esportivo, suspeita de receber pagamentos de um lobista. O fundamento foi processual: os advogados entraram com um tipo de ação inadequado.

Rápidas

* Um cidadão telefonou ao Ministério Público Federal para consulta inusitada: queria comprar a fazenda Gama, que era do grupo de Carlinhos Cachoeira. Mas precisava saber se havia pendência jurídica. O atendente mandou ligar na Terracap, que gere as terras no DF.

* Considerado um dos mais inteligentes a passar pela Câmara nos últimos tempos, faltou pensamento rápido para Cunha. A PF bateu à porta da casa de sua casa no Rio e foi recebida por sua mulher, Cláudia Cruz.

* Cláudia alertou o marido e advogados que a PF o procurava. Um dos defensores recomendou que Cunha se entregasse na sede da PF em Brasília. Ele respondeu com um “vou pensar”. Mas “Hipster da Federal” o chegou logo.

* E Eduardo Cunha agora não tem mais assessoria de comunicação. Qualquer informação à imprensa será por meio dos advogados. E não se trata de medida de contenção de gastos. Afinal, Cláudia Cruz é jornalista.

Retrato falado

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“Precisamos voltar a ter credibilidade e uma presença positiva no cenário internacional”

Após a rodada de viagens internacionais, a entidade que representam os industriais comemorou resultados. Robson Braga de Andrade, da Confederação Nacional da Indústria, antecipou alguns pontos: acordo com a Argentina para eliminar o uso do papel no comércio exterior entre os dos países. Na Índia, o primeiro pacto de investimento com um país asiático. E no Japão, foi concluído um trato para estimular o capital japonês a investir em infraestrutura no Brasil.

Toma lá dá cá

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RODRIGO MAIA (DEM-RJ), PRESIDENTE DA CÂMARA

Dizem que o senhor atua mais como líder do governo do que presidente da Casa.
Quando fui candidato, disse que a agenda econômica do governo, com PEC do Teto e Previdência, era vital e prioritária. Nunca enganei ninguém. A crise no Brasil é tão profunda que neste momento nós temos de construir as bases para a recuperação econômica. Também votei a favor da agenda do Joaquim Levy, porque acredito nessa agenda mais ortodoxa.

O que o sr. achou de o Centrão falar em sucessão da Câmara enquanto se vota a PEC?
Sem a pauta econômica avançar, o Brasil chegará com muita dificuldade a fevereiro. Respeito quem está discutindo, mas acho que o momento adequado não é agora, essa não é minha pauta.

Caso de saúde

Quando o juiz obriga agentes públicos ou privados a prestarem um serviço de saúde, a conta acaba saindo, em média, quatro vezes mais cara do que quando o mesmo atendimento é prestado pelo SUS ou pelo plano de saúde sem batalha judicial. A informação é do desembargador Martin Schulze, do Rio Grande do Sul, palestrante do 19º Congresso UNIDAS. Segundo ele, os valores são maiores porque envolvem custos advocatícios e pela falta de estratégia e prazo para fazer compras em grande escala, o que poderia gerar descontos. A judicialização vai desde pedidos de medicamentos até tratamentos de alto custo.

Alvará

De cinco empresas que prestaram serviços à campanha de Dilma Rousseff e são investigadas pelo TSE, a Secretaria da Fazenda de SP concluiu que duas não são de fachada: Francisco Carlos de Souza Eirelli e Marte Ind. e Comércio. As outras, ainda estão sob investigação. Dilma não comemorou.

Veja bem…

Após Michel Temer e José Serra falarem com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o ministro entregou aos russos carta explicando a situação do professor brasileiro Eduardo Chianca, preso em Moscou por tráfico de drogas ao transportar chá de ayahuasca. Informa que ele é pesquisador reconhecido internacionalmente pela Terapia Frequências de Luz.

…é cultural

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O documento explica que Chianca daria palestras na Rússia, Ucrânia, Suíça, Holanda e Espanha e que portava o chá por fazer parte de sua terapia e rituais. No Brasil não é crime. Destacou ainda que a família contratou advogados no país e pleiteia ao menos prisão domiciliar até que aconteça o julgamento. Por ora, os russos não se sensibilizaram.

Mistério e semelhança

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Dia desses, Serra despachava com Temer no Planalto quando deu falta de seus óculos, sem os quais não lê. Presidente, ministro e assessores reviraram tudo no gabinete, em outras salas e nada. O objeto foi encontrado no bolso de Temer. Antes, em viagem ao Paraguai, Serra quem embolsara as lentes do chefe.

Fotos: Jose Patricio/Estadão; Jose Cruz; Valter Campanato/Agência Brasil;