No último sábado, 30, os filhos do casal de atores Bruno Gagliasso, 40, e Giovanna Ewbank, 35, sofreram um ataque racista monstruoso, realizado por uma mulher branca em um restaurante na Costa da Caparica, no litoral de Portugal. O casal de atores relatou ao “Fantástico” (TV Globo), deste domingo que a filha Titi, 9, e o filho Bless, 7, ficaram assustados com o acontecimento. “A gente estava na praia brincando e, de repente, uma das crianças subiu e falou para gente o que tinha acontecido. Aí, a gente ficou bem chateado” disse Gagliasso.

“Quando eu estava dentro do restaurante, ela começou a xingar as crianças Titi e Bless, né? E também a família de angolanos que estavam no restaurante que era mais ou menos umas 15 pessoas.”, acrescentou Giovana Ewbank.
O ator relatou que o gerente do restaurante pediu para a agressora se retirar do local, mas ela se recusou e deu início a novos ataques e xingamentos. “Ela se negou a ir embora e começou a xingar alto e a gente ouviu”, lembrou o ator. “Quando a gente percebeu o que estava acontecendo, o Bruno saiu da mesa e foi até o gerente com a mulher para chamar a polícia. Eu vi que havia uma movimentação estranha, vi que a família de angolanos estava um pouco recuada e comecei a entender algo racial”, disse a atriz.

Perguntados sobre quais ofensas racistas haviam sido proferidas aos seus filhos, o casal de atores esmiuçou as principais ofensas. “A mulher estava dizendo muitas coisas. Entre elas, pretos imundos”, “voltem para a África”, exemplificou Giovana Ewbank. “Portugal não é o lugar para vocês, vão embora daqui”, completou o ator.

Giovani disse entender que a reação ao comportamento da mulher a suprpreendeu. “Ela nunca esperava que uma mulher branca fosse combatê-la como eu fui, daquela maneira. Eu sei que eu como mulher branca indo confrontá-la a minha fala vai ser validada. Eu não vou sair como a louca, a raivosa, como acontece com tantas outras mães pretas que são leoas assim como eu fui nesse episódio, mas que são invalidadas e são taxadas como loucas e que estão inventando ataques como esse”, relatou Giovanna.

Gagliasso e Ewbank relembraram que estiveram no “Fantástico”, em 2017, também para falar sobre ataques racistas sofrido por seu filho, Bless, nas redes sócias. A atriz afirmou que ela e o marido aprenderam que é possível utilizar a exposição de suas falas para cobrar igualdade para todos. “Mudou tudo. Eu sou uma mulher muito consciente dos meus privilégios. Sou uma mulher que sempre está rodeada de mulheres pretas aprendendo diariamente e vou fazer jus ao nome privilégio branco e vou combater de frente esse tipo de insanidade. Essa briga é nossa. Essa luta é de todo mundo”, indignou-se Gagliasso.

“Foi a primeira vez que a minha filha viu eu combatendo o racismo de frente, porque a gente fala muito sobre isso para eles, mas ela nunca tinha me visto combatendo de frente. Ela ficou muito assustada. A Titi entendeu tudo”, relatou a atriz.

Além dos filhos Titi e Bless, o casal possui um filho biológico mais novo, o Zyan, de 2 anos. Gagliasso e Ewbank afirmaram que Zyan já tem uma educação voltada para ser atuante na luta contra o racismo.“Ele vai estar vivendo esse tipo de coisa. Imagina que com dois anos ele já está numa situação dessa, da Irmã mais velha sendo xingada e vendo a mãe e o pai discutindo com uma mulher racista. Então, ele vai viver isso e não vai precisar ser introduzido como nós… É muito cruel pensar que Titi e Bless poderiam muito bem viver sem pensar em nada nesse tipo de agressão, lamentou.

A atriz confirmou que desferiu tapas na agressora e cuspiu nela após as ofensas raciais acometidas contra seus filhos. Gagliasso afirmou que este ato em si não poderia ser tratado como agressão. “Na verdade, ela não agrediu, ela reagiu. Não confunda a reação do oprimido com a ação do opressor”, explicou Gagliasso, acrescentando: “A gente sabe que vai acontecer muitas outras vezes. Agora, a gente não tem mais como proteger tanto os nossos filhos do que eles vão ouvir. Então, é continuar fortalecendo os filhos e mostrar o quanto eles são fortes, maravilhosos e tem direito de combater o racismo”.

Titi foi adotada pelo casal em maio de 2016, depois de uma viagem a Malawi, e Bless foi adotado por Gagliasso e Ewbank em 2019, também em Malawi.

Por meio de nota, a direção do restaurante repudiou a conduta racista da mulher e se colocou a disposição para fornecer as imagens gravadas pelas câmeras de segurança. O consulado brasileiro em Portugal ofereceu assistência jurídica.

A mulher foi detida pela polícia logo após o ocorrido e levada para uma delegacia da Guarda Nacional Republicana onde prestou depoimento, foi identificada e depois liberada. De acordo com o jornal português Público, a agressora estava alcoolizada no momento do crime. Gagliasso e Ewbank tem até seis meses para apresentar uma queixa crime formal às autoridades portuguesas. Segundo o advogado especialista em direitos humanos, Hélio Gustavo Alvez esse crime racial está previsto no Código Penal português, no artigo 240. Dependendo da forma que a Corte portuguesa enquadrar o caso, a agressora pode pegar uma pena de 6 meses a cinco anos de prisão.

Diversos artistas divulgaram notas de apoio à família e repudiaram a conduta da agressora. “Gostaria de dizer que é necessário você enquanto homem e mulher branca ter a mesma atitude de Giovanna e Bruno. E também dar o mesmo apoio para pessoas negras que tem essa atitude, porque numa situação como essa nós seriamos expulsos do local, porque até para isso não temos direito”, escreveu em seu twitter a ex-BBB Camilla de Lucas. “Eu queria poder gritar na cara de um monte de gente o que a Giovanna Ewbank muito bem cuspiu na cara daquela mulher, com a certeza de que no final não seria eu a acusada de algum crime. Deve ser delicioso não precisar ser estratégica o tempo todo e simplesmente explodir”, publicou por meio de uma rede social Eliana Alves Cruz, autora de romances como “Água de Barrela” e “O Crime do Cais do Valongo”.

“Racista se trata na porrada ou na humilhação pública. Não há outro caminho. Parabéns Gioh. Serei sempre seu fã ”, escreveu em seu twitter o influencer Felipe Neto.