O impacto e as curiosidades de ‘Dark Horse’, filme internacional sobre Bolsonaro

Escolha de Jim Caviezel para viver Jair Bolsonaro impulsiona reação de brasileiros nas redes sociais

O ex-presidente Jair Bolsonaro em sua residência em Brasília, 3 de setembro de 2025 - AFP/Arquivos

A produção do longa-metragem sobre Jair Bolsonaro — preso preventivamente desde o último sábado, 22 — segue em ritmo acelerado para cumprir a estreia prevista nos cinemas em 2026. O filme, intitulado  ‘Dark Horse’ (traduzida livremente como O Azarão), revisita episódios marcantes da campanha presidencial de 2018, com foco no ataque a faca sofrido pelo então candidato.

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O protagonista será interpretado pelo norte-americano Jim Caviezel, conhecido por viver Jesus Cristo em ‘A Paixão de Cristo’ e por seu histórico de declarações antivacina e proximidade com teorias conspiratórias envolvendo uma suposta “elite global”. O ator já esteve no centro de controvérsias durante o lançamento de Som da Liberdade e manifestou apoio a narrativas associadas ao movimento QAnon.

As primeiras notícias sobre sua escalação já repercutem no Brasil: internautas brasileiros passaram a invadir o perfil de Caviezel no Instagram, deixando mensagens de apoio — tanto em português quanto em inglês — celebrando sua escolha para interpretar Bolsonaro.
“Assim como eu, todo o povo brasileiro fica feliz em saber que você vai fazer o papel do maior presidente que o Brasil já teve”, escreveu um seguidor. Outro comentou: “Deixo minha gratidão e admiração a este magnífico ator. Brasil te ama.”

O elenco conta ainda com Marcus Ornellas, mexicano, como Flávio Bolsonaro; o brasileiro Sérgio Barreto, na pele de Carlos Bolsonaro; e o norte-americano Eddie Finlay, como Eduardo Bolsonaro. As intérpretes de Michelle e Laura Bolsonaro ainda não foram confirmadas.

As filmagens começaram em 20 de novembro e prometem apresentar uma versão mais idealizada da trajetória de Bolsonaro, incluindo passagens ambientadas na década de 1980, período em que o ex-capitão servia ao Exército e participava de ações de combate ao tráfico de drogas. O enredo deve retratá-lo como alvo de articulações atribuídas a grupos de esquerda e organizações criminosas.

Além do atentado cometido por Adélio Bispo — renomeado na ficção para Aurélio Barba —, o roteiro inclui outras tentativas de ataque que teriam ocorrido durante sua recuperação. Há também a inclusão de um confronto entre Bolsonaro e um traficante influente que, segundo a narrativa, ele teria ajudado a prender durante sua carreira militar.

Misturando fatos reais e passagens ficcionais, o filme dirigido por Cyrus Nowrasteh pretende mostrar o ex-presidente enfrentando uma série de “conspiradores” determinados a assassiná-lo, apoiando-se tanto em relatos do próprio Bolsonaro quanto em versões amplamente difundidas entre seus apoiadores. O roteiro é assinado por Mario Frias, ex-ator, deputado estadual pelo PL de São Paulo e ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro.

Responsável pela direção, Nowrasteh é um cineasta do Colorado conhecido por obras de forte viés político e religioso. Entre seus trabalhos mais notáveis estão O Apedrejamento de Soraya M. (2008), O Jovem Messias (2016) e Sequestro Internacional (2019), este último protagonizado pelo próprio Caviezel. A parceria prévia entre os dois já alimentava rumores desde agosto, quando perfis de direita no X começaram a sugerir que o ator daria vida a Bolsonaro. Mesmo assim, a produção se mantém discreta, e Caviezel ainda não confirmou publicamente sua participação.

Nowrasteh tem feito poucas declarações sobre o projeto, limitando-se recentemente a responder a uma seguidora no X que está “gravando na América Latina”. Em maio, publicou imagens de uma viagem de pesquisa por regiões da divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sua relação com o Brasil, no entanto, não é nova: nos anos 1990, ele foi responsável pelo roteiro de Jenipapo (1995), dirigido por Monique Gardenberg.

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