Embora sua morte tenha sido anunciada somente no fim de semana, John Hurt, na verdade, morreu na quarta-feira da semana passada, 25, num hospital de Cromer, na Inglaterra. Tinha 77 anos e há tempos vinha sofrendo um doloroso e desgastante processo de câncer no pâncreas, a mesma doença que vitimou, em dezembro, em São Paulo, o grande diretor brasileiro Andrea Tonacci. John Hurt pertencia a uma geração de atores ingleses que, após se consagrar no teatro, virou pop na televisão e no cinema.

Para o público, ele será sempre lembrado por Alien, o Oitavo Passageiro. Na fantasia científica de Ridley Scott, que deu origem a uma série, Hurt integrava a tripulação da Nostromo. A nave fazia uma parada num lugar estranho, havia aqueles ninhos, Hurt era infectado e terminava por gerar em seu ventre o alienígena. O homem que pariu o monstro. Mais tarde, surgiam as explicações. A Nostromo fora lançada justamente para capturar o alien que, como máquina perfeita de matar, será útil à indústria bélica. Contra o alien, vai se levantar uma mulher – a oficial Ripley, Sigourney Weaver.

Quando fez Alien, John Hurt já se destacara no cinema com O Expresso da Meia-Noite, de Alan Parker, de 1978, que lhe valeu a indicação para o Oscar de coadjuvante. No ano seguinte, O Homem-Elefante, de David Lynch, o colocou de novo na disputa do Oscar, desta vez como melhor ator. Mas sua origem estava no teatro, onde interpretou autores como Shakespeare (claro!) e Edward Albee. A essa altura, Hurt já havia saído do armário e se afirmara como ícone gay graças a um personagem de muito sucesso na TV- o Quentin Crisp de The Naked Civil Servant. Não deixa de ser curioso que tenha retomado o personagem de Crisp em outro filme, sobre os anos em que viveu em Manhattan, e tenha aceitado fazer a paródia de Alien em S.O.S.- Tem Um Louco no Espaço, de Mel Brooks. O alien continua nascendo de seu ventre, mas, agora, em ritmo de musical, sai cantando e dançando.

A popularidade veio em definitivo com a série Harry Potter, como Olivaras. Como Ian McKellen, o Gandalf de O Senhor dos Anéis – outro ícone gay -, Hurt disse certa vez que tinha valido a pena viver para ver o reconhecimento dos direitos dos homossexuais. Seu último papel foi no como Porter no Tarzan de David Yates, que também dirigiu Harry Potter e as Relíquias da Morte, 1 e 2.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.