Em Portugal a Universidade de Coimbra continua tão pujante como nos tempos em que a partir dela se desenharam as elites ainda hoje reconhecidas nas geografias sociais do Brasil.

Mas a cidade, gerida à margem da visão universalista dos académicos e muitas até vezes de costas viradas para a inovação que universidade lhe oferece, se deixou prender numa teia de burocracias infinitas que tornam o investimento económico na cidade muito difícil, quando comparada com outras portuguesas da mesma dimensão.

Também para os brasileiros esta realidade se torna evidente. De um lado a Coimbra universitária, provavelmente a universidade no exterior com a maior comunidade de estudantes do Brasil.

Do outro lado está a cidade — a cidade dos “futricas” como se diz por lá — que não aproveitam a presença destes estudante e das suas famílias — quase sempre gente da classe alta — para captar investimento para o desenvolvimento desta antiga capital de Portugal.

É como se ganhasse a loteria todas as semana, mas sempre se esquecessem de reclamar o prémio.

Sendo cidade irmã, geminada com Curitiba e São Paulo, desde 1997 e ainda com Santos desde 2004, há quase duas décadas que nenhum outro protocolo de celebrado é celebrado pela cidade portuguesa com congéneres do Brasil.

Já a universidade se funde e multiplica essa colaboração é permanente e existe até uma página na internet destinada exclusivamente a candidatos brasileiros perfeitamente adaptada á língua portuguesa falada no Brasil e adequada ao ENEM.

Coimbra precisa deixar de ser esse “Viveiro de cadáveres insubmissos!” — como constava numa citação apócrifa inscrita do livro “Os canibais” que Álvaro de Carvalhal publicou em 1868 ainda no tempo da nossa monarquia; e começar a ser outra cidade. Moderna, inclusiva, inovadora, desburocratizada e capaz de aproveitar toda a riqueza que a sua universidade lhe dá.

Este domingo há eleições municipais em Portugal e na cidade de Coimbra, José Manuel Silva, um médico, candidato independente, liberal, progressista, universitário, e ex-presidente da associação dos Médicos de Portugal, disputa a prefeitura da cidade.

Esta é uma oportunidade única para que Coimbra mude e não continue a padecer dos mesmos e irreparáveis males que por exemplo, jogaram Buenos Aires fora do bonde da História.