A peregrinação anual a Meca é um dos cinco pilares do Islã que todo fiel deve cumprir pelo menos uma vez em sua vida se tiver meios para isso.

Denominada “Hajj”, esta peregrinação acontece uma vez por ano no início do mês lunar muçulmano do “dhu al hajja”. A pequena peregrinação, ou Umrah, pode acontecer todo o ano.

Os outros quatro pilares do Islã são a profissão da fé, as cinco orações diárias, o jejum durante o Ramadã e a esmola ritual (contribuição financeira usada pelo poder público em obras de beneficência ou de interesse público).

– Etapas codificadas –

O Hajj tem várias etapas codificadas:

– “Ihram” (sacralização):

Quando chega a um perímetro estabelecido ao redor de Meca, o fiel deve purificar-se e vestir apenas peças de tecido branco sem costura para os homens, enquanto as mulheres usam roupas que cobrem o corpo todo, com exceção das mãos e do rosto.

Os peregrinos não podem usar perfume nem cortar o cabelo ou as unhas. Devem abster-se de qualquer discussão ou relação sexual.

– “Tawaf”:

Em sua chegada a Meca, o peregrino deve dar sete voltas em torno da Kaaba, uma construção cúbica em torno da qual se construiu a Grande Mesquita e em direção à qual os muçulmanos rezam cinco vezes ao dia. Se tem condições, a cada volta deve beijar uma pedra negra incrustrada em uma das esquinas da Kaaba.

– “Sa’i”:

Deve fazer em seguida sete vezes a caminhada entre Safa e Marwa – dois lugares próximos à Grande Mesquita e distantes 400 metros – seguindo os passos de Hajar, esposa do profeta Abraão, que, segundo a tradição muçulmana, fez o trajeto em busca de água para seu filho, o profeta Ismail, até que a fonte de Zamzam surgiu a seus pés.

Depois disso, o fiel se desloca para o vale de Mina, cinco quilômetros ao leste, onde deve pernoitar.

– Monte Arafat:

Ao amanhecer, os fiéis seguem para o Monte Arafat, também conhecido como a Montanha da Misericórdia, momento culminante para a peregrinação. A etapa é dedicada a orações.

De acordo com a tradição islâmica foi no Monte Arafat que o profeta Maomé pronunciou o sermão de adues aos muçulmanos que o acompanharam na peregrinação ao final de sua vida.

– Apedrejamento das colunas:

Ao cair da noite, os peregrinos se dirigem a Muzdalifa para se preparar para o Aid al Adha, a festa do sacrifício, que consiste em imolar um cordeiro em memória de Abraão, que, segundo a tradição muçulmana, esteve a ponto de imolar o filho Ismael diante do arcanjo Gabriel, que no último momento mandou que o substituísse por um animal.

Os fieis realizam em seguida o apedrejamento das três colunas que representam Satã em Mina. No primeiro dia devem jogar sete pedras contra a maior das colunas e durante os dois dias seguintes 21 contra os três pilares, grande, médio e pequeno.

Foi durante o ritual de apedrejamento que um tumulto provocou a morte de quase 2.300 peregrinos em 2015.

A peregrinação termina com novas voltas em torno da Kaaba.

A visita à cidade de Medina, onde se encontra o mausoléu do profeta Maomé, é facultativa e pode ser realizada antes ou depois do “hajj”.

– Antes do Islã:

A peregrinação é inspirada em uma tradição anterior ao islã, que remonta a Abraão patriarca bíblico venerado por muçulmanos, judeus e cristãos. A Kaaba abrigava centenas de ídolos pré-islâmicos, destruídos no ano 630 por Maomé durante seu retorno triunfal à Meca.