A detenção na Flórida de um médico haitiano suspeito de participar do assassinato de Jovenel Moïse, presidente do Haiti, poderá esclarecer quais são os mandantes do crime que aconteceu em 7 de julho. O assassinato de Moïse evidenciou ao mundo o estado de anarquia, perigo e abandono em que se encontra o país caribenho. É possível que o médico Christian Emmanuel Sanon seja um elo de ligação entre os mandantes do crime e os 28 mercenários que assassinaram Moïse – dos quais 26 eram ex-militares colombianos. Mas é pouco provável que Sanon, um médico de 63 anos e sem dinheiro, que vive na Flórida há 20 anos, seja o verdadeiro mandante do crime.

Moïse tinha vários inimigos políticos dentro do Haiti. O ex-presidente era acusado de autoritarismo e de querer prolongar um mandato presidencial que deveria ter acabado em 17 de fevereiro. Não importam mais as alegações dos opositores: o assassinato do presidente haitiano foi o primeiro a ocorrer no Hemisfério Ocidental, desde o assassinato do presidente americano John Kennedy em 1963.

O crime aprofundou o impasse político no Haiti, onde a maioria do Congresso está vago, pois não ocorreram eleições para renovar o legislativo em 2020. O presidente da Suprema Corte morreu de Covid-19 no ano passado. Pela Constituição do país, o chefe do poder judiciário é quem deveria assumir como interino a presidência e convocar eleições. Analistas políticos dizem que agora o Haiti é um país sem legislativo, sem comando no judiciário e sem presidente.