27/04/2022 - 18:58
Semana passada, o STF condenou o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ) a oito anos e nove meses de prisão por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, incitação à violência contra os ministros da Corte, além de incitação à animosidade entre as Forças Armadas e o Supremo. Daniel Silveira é um ex-policial cuja atuação sempre foi problemática. Ele mesmo chegou a confessar em seu canal no Youtube que foi preso por insubordinação pelo menos 90 vezes durante sua passagem pela PME-RJ.
Daniel Ficou famoso depois de quebrar a placa da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, crime até hoje não esclarecido. Ou seja, é um brucutu que chegou ao Congresso na esteira do bolsonarismo. Se já não fazia nada de útil para o País antes de ser eleito deputado federal, no parlamento não foi diferente. Não apresentou um projeto de lei sequer que prestasse. Porém, é um dos protagonistas na crise institucional entre o Executivo e o Judiciário.
Na noite seguinte à condenação, o digníssimo esculhambador da República, Jair Bolsonaro (PL), anunciou em sua live “de quinta” que concederia um indulto presidencial ao deputado. Na leitura do documento, Bolsonaro afirmou que a prerrogativa presidencial para concessão de indulto individual é medida fundamental à manutenção do estado democrático e que “a liberdade de expressão é pilar essencial da sociedade em todas as suas manifestações”.
Tal decisão provocou as mais variadas reações da classe política e da opinião pública. Houve quem afirmasse que os crimes contra a ordem constitucional não podem ser passíveis do benefício da graça ou indulto e que Bolsonaro utiliza as instituições de acordo com a sua conveniência, protegendo família e aliados. Por outro lado, houve quem reclamasse, erroneamente, da postura do ministro Alexandre de Moraes e dissesse que a condenação do STF desrespeitou a inviolabilidade do mandato parlamentar. No meio disso tudo, a Constituição Brasileira foi atropelada e enxovalhada.
Não tenho dúvidas de que estamos num dos momentos mais delicados da história política recente do nosso país. Cada vez mais eu tenho a impressão de que há um grupo de pessoas loucas para botar fogo no Brasil e trabalham para que haja uma ruptura institucional muito em breve. É ano de eleição e o deboche e a insubordinação estão se transformando nas principais bandeiras desse governo. Prova disso é que Daniel Silveira, recém-condenado pelo STF, acaba de ser eleito vice-presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. Foi isso mesmo que você leu: vice-presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. A votação foi secreta. É escárnio isso. Mais um tapa no rosto da sociedade.