É inquestionável o talento futebolístico de Daniel Alves, craque da Seleção. Mas o jogador meteu gol contra que pode render uma canelada extra-campo. Alves é sócio do amigo Antônio da Costa de Souza, na Neovida Comércio de Produtos para a Saúde. Acaba de receber do governo de Roraima a bolada de R$ 2.338.775,88 pela venda do medicamento Rocurônio, usado na pandemia da Covid-19 como auxiliar anestésico para entubados. As 30 mil ampolas foram entregues a R$ 88,90 cada, cerca de 60 dias depois do contrato. Ocorre que, à ocasião da encomenda, o Rocurônio estava em falta na praça e o preço nas alturas ­­— vê-se pelo supracitado ­­— e foi entregue com valor na baixa. A Secretaria de Saúde emitiu parecer técnico, ao qual a Coluna teve acesso, sugerindo que o contrato é passivo de investigação. Para piorar, há uma CPI da Saúde na Assembleia Legislativa.

A Neovida informa que “as tratativas se deram dentro da mais pura lisura e legalidade”, e que “não há receio de eventual convocação pela CPI”.

O jogador é sócio da empresa que recebeu R$ 2,3 milhões por venda de medicamento. O contrato está na mira da Secretaria de Saúde de Roraima

A praia de Dantas

JOEDSON ALVES

Há um mistério envolvendo Daniel Dantas no litoral Sul da Bahia. Até o zelador diz que é dele uma fazenda de 126 hectares com imenso coqueiral, nas falésias da Praia do Satu. As terras já apareceram duas vezes à venda na internet. Numa delas, oferecidas por R$ 130 milhões. Mas o Banco Opportunity, que ele controla, avisa que não as vende.

O Supremo avaliza e a União paga

Com o orçamento no vermelho, a União desembolsou mais de R$ 5,5 bilhões para arcar com dívidas atrasadas de Estados apenas em 2021. Dados do Ministério da Economia apontam altas inadimplências cobertas pelo Tesouro. Foram: R$ 256,18 milhões do Estado de Goiás, R$ 200,45 milhões de Minas Gerais; R$ 138,48 milhões do Rio de Janeiro; R$ 16,76 milhões do Amapá — só para citar esses. Entre 2019 e 2020, as decisões do STF impediram a execução das contragarantias de alguns Estados, como a do Rio de Janeiro, diante da recuperação fiscal. Contragarantias de Minas Gerais também não são executadas em virtude de liminares concedidas pelo Supremo.

Bolsonaro gasta como rico nos cartões

Marcos Correa

O governo passou a faca nos cartões corporativos usados por funcionários da administração. A redução é expressiva, de 45,5%: em 2017 eram 6.235 corporativos; foram 6.077 em 2018, 5.306 (2019), 4.485 (2020), e esse ano são 2.839. O presidente Jair Bolsonaro dá uma de esperto. Cortou as unidades, mas os gastos seguem altíssimos. Até o mês passado, os cofres públicos bancaram mais de R$ 131,46 milhões em custos da turma das compras. Em todo o ano de 2020, foram R$ 170,79 milhões. A Secom da Presidência não respondeu o porquê da redução dos corporativos e quais setores do governo tiveram cartões cancelados.

Sarney reaparece para salvar clã

Marcos Oliveira

Depois de um ano recluso em casa, em Brasília, precavendo-se contra a Covid-19, o ex-presidente José Sarney voltou a São Luís, há dois meses, para cuidar do futuro do clã. O cacique articula para realocar Roseana Sarney no Congresso. Ela quer se candidatar a deputada federal, e o neto Adriano (filho do aposentado Zequinha) ao Senado. Que o eleitor maranhense não se assuste se Sarney procurar o governador Flávio Dino (PSB) para um papo. Dino nega que tenha qualquer aproximação com o projeto. E Edison Lobão, que nunca perde uma carona do padrinho? Trabalha para lançar Edinho a deputado.

Castro negocia e surpreende no Rio

Quem está perto de Cláudio Castro crava que o governador do Rio de Janeiro revela-se bom articulador na tentativa de reeleição. Forma coalizão invejável para campanha. Ao passo que a fatura prévia vem junto: a maioria dos partidos condiciona apoio ao seu afastamento da família Bolsonaro.

Aqui, de jeito nenhum!

Vez ou outra, o senador Eduardo Girão (PODE-CE) ataca projetos de legalização dos jogos — até na CPI da Pandemia. Católico fervoroso e contrário à jogatina, chegou a barrar a venda de hotel da família por quase R$ 90 milhões em Fortaleza, porque o potencial comprador português sonhava um dia, ali, abrir cassino, se a legislação permitisse.

Palácio x Miranda

Pivô de denúncia contra Bolsonaro, de que ele sabia da tentativa de venda superfaturada da vacina Covaxin, o deputado Luís Miranda (DEM-DF) está em risco. Denunciado pelo PTB ao Conselho de Ética, entrou na mira do deputado bolsonarista Gilberto Abramo (Republicanos-MG), relator do caso. Os Bolsonaro têm maioria no Conselho.

Nos bastidores

Acordado, meu bem?
Um senador de primeiro mandato não dorme há semanas. Tem dinheiro suspeito depositado por lobista de uma importadora de medicamentos numa conta. Pior, na conta da esposa.

Porcelanas do Médici
Um conjunto em porcelana Steatita de 16 peças, com monograma
EM (espólio do presidente Emílio Garrastazu Médici), foi vendido a peso de ouro em leilão virtual. Não há detalhes se era posse da família.

INSS não seguiu plano
No INSS, ouve-se de ténicos que o presidente Leonardo Rolim cometeu equívoco de não seguir o plano do antecessor Edison Garcia, que deu bônus a servidores para metas de avanços nos benefícios. Os militares estão no atendimento, não na análise.

Correção

Sobre a coluna anterior: Eduardo Paes é filiado ao PSD, não ao DEM. O nome correto do senador líder do governo é Eduardo Gomes (MDB-TO). Educafro processa o Atakadão Atakarejo, em vez do Assaí.