Você, com certeza, já escutou a seguinte expressão de alguém que passou o dia fritando na areia: “fiquei vermelho feito um camarão”.

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Afirmo porque eu, que detesto praias e posso até morrer de inchaço da glote se comer o crustáceo, já escutei a frase, e bem mais de uma vez: “fiquei vermelho feito um camarão”; “fulana está vermelha como camarão”; “gente, ele parece um camarão!”.

O meu gosto ou desgosto por sol e areia ou a minha alérgica glote, no entanto, não vêm ao caso — o que interessa é a frase “fiquei vermelho feito um camarão”.

Camarão… vermelho; vermelho!… camarão! O general Heleno, rápido feito raia no raciocínio, adivinhou:

Comunista!

O capitão Bolsonaro, também veloz nas conclusões, berrou:

— Co-mu-nis-ta, talquei!? Chama o Brilhante Ustra! Ele já morreu? O Ustra morreu? Chama outro torturador! Pendura o camarão como isca de anzol que ele fala! Chega de mi-mi-mi!

Todo ser vivo quer seguir vivendo, tem gente que não entende isso, acha que “todo mundo tem mesmo de morrer um dia”. Gente que é genocida do mar. Não percebe que camarão não gosta de ser pescado, não gosta de ser fritado, não gosta de ser mastigado e muito menos de ser engolido inteiro. Aí se vinga, empaca, fica lá paradão, nem para frente nem para trás, decreta greve geral.

O jeito é hospital, sondas nasogástricas, tratar de tirar o bicho, mas a ministra Damares protestou:
— Isso é aborto, vai ver está vivo, é melhor gestar e dar à luz.

Prevaleceu a vontade do general e do capitão. E dizem que no mar tudo que é lula está comemorando a revolução.