Os homens andam tão em baixa em Hollywood que a única solução para viabilizar um filme romântico foi convidar um anfíbio pegajoso da Amazônia para fazer papel de galã. O resultado é o insólito longa-metragem “A Forma da Água”, de Guillermo del Toro. Ele pode ser descrito como uma fábula repleta de lirismo e fantasia sobre o amor entre um monstro, conhecido como “Coisa” (The Asset, Doug Jones), e a faxineira muda Elisa (Sally Hawkins).

Tudo se passa em um complexo secreto do FBI em Baltimore durante a Guerra Fria. Os americanos capturaram o anfíbio em uma lagoa amazônica, onde era venerado como deus. Reprisando a mímica e o espírito contestador de Carlitos, Elisa esconde o monstro em casa, um apartamento que divide com o amigo cinéfilo Giles (Richard Jenkins), num prédio onde funciona um cinema. O casal se une na miséria contra a perseguição do sistema.

Del Toro conjuga comédia muda, musicais hollywoodianos e ficções científicas da Guerra Fria — a criatura lembra a do “O Monstro da Lagoa Negra” (1952). Com isso, reabilita a magia do cinema e seus clichês mais cultivados. O filme recebeu 13 indicações ao Oscar ­— é o recordista de 2018. Estreia em 1º/2.