O futuro da mídia: CEOs de grandes emissoras se unem pelo futuro da TV aberta

Os líderes das principais emissoras de televisão do país discutiram temas como as transformações provocadas pela TV 3.0 e a regionalização do conteúdo

A união dos poderosos da TV em prol do futuro da TV aberta
A união dos poderosos da TV em prol do futuro da TV aberta Foto: Reprodução

Logo após a abertura da SET Expo 2025, na terça-feira,19, no Distrito Anhembi, em São Paulo, presidentes das quatro maiores emissoras do país — Globo, Record, SBT e Band — dividiram o palco em um encontro que já entrou para a história da televisão brasileira. O debate, mediado pelo jornalista Guilherme Ravache, colunista de Mídia do Valor Econômico, girou em torno do futuro da TV e da suposta concorrência com a internet.

A executiva do SBT, Daniela Abravanel Beyruti, defendeu a união entre os canais e reforçou a força do meio televisivo. “Ainda somos muito relevantes e precisamos agir de forma conjunta para proteger a qualidade da informação e do entretenimento. Se no passado cada emissora conduziu de forma isolada a transição do sinal analógico para o digital, agora seguimos juntos. E acredito que a chegada da TV 3.0 será ainda mais rápida”, afirmou.

Na mesma linha, o diretor-presidente da Globo, Paulo Marinho, lembrou que a televisão aberta mantém papel central na vida do brasileiro, apesar do avanço das plataformas digitais. Para ele, o setor precisa acompanhar a velocidade das transformações tecnológicas. “Vivemos um vácuo: a inovação chega antes, e só depois discutimos narrativa, defesa e regulação. Estamos correndo atrás para oferecer conteúdo de relevância em meio a tantas opções de mídia”, destacou.

Representando a Band, Claudio Luiz Giordani ressaltou que a digitalização já havia forçado o setor a se reinventar e que, agora, a integração com as redes sociais amplia possibilidades. “A internet não deve ser vista como adversária. O que acontece na TV reverbera nas redes, e isso valoriza ainda mais o nosso conteúdo. Rádio e televisão continuarão crescendo, gerando empregos e se fortalecendo por meio dessa interação”, avaliou.

O CEO da Record, Marcus Vinícius Vieira, por sua vez, frisou o papel duplo da TV aberta: atender ao público e ao mercado publicitário. “É preciso criar experiências que entreguem valor para ambos. A TV 3.0 já contribui para derrubar barreiras tecnológicas, e a união do setor é decisiva para isso”, disse.

Olhando para frente

Ao tratar dos próximos movimentos, os executivos projetaram como a TV 3.0 deve impactar o mercado. Vieira destacou que a nova fase favorecerá a regionalização da programação: “A televisão tem vida longa e sustentação legal sólida. Esse projeto dará ainda mais força ao setor”.

Giordani acrescentou que a tecnologia permitirá novas fontes de receita. “Segmentação e regionalização vão abrir oportunidades de comercialização e justificar os investimentos. Isso nos colocará em posição mais competitiva”, afirmou.

O papel dos influenciadores digitais também entrou no radar. Beyruti relatou que muitos criadores de conteúdo enxergam na TV um selo de legitimidade. “Em meio a tanto excesso de informação, a televisão segue como referência para a sociedade”, observou.

Marinho encerrou o painel com uma reflexão sobre a chegada da inteligência artificial e seu impacto na forma de consumir mídia. “Estamos diante de um ecossistema cada vez mais complexo. Criar modelos que dialoguem com as novas gerações é o nosso desafio. É difícil prever onde estaremos em 10 anos, mas uma coisa é certa: a inteligência artificial transformará a relação do público com o conteúdo”, concluiu.

O painel “Visão dos CEOs: o futuro da mídia” é de grande relevância por reunir líderes que estão à frente das principais empresas do setor, trazendo uma visão estratégica sobre os rumos da comunicação. Esses executivos ajudam a definir tendências, antecipando transformações digitais impulsionadas por inteligência artificial, redes sociais, streaming e novas formas de monetização.

Além do impacto empresarial, suas decisões influenciam diretamente como a informação chega ao público, afetando democracia, cultura e comportamento. O encontro também funciona como termômetro para investidores e parceiros, indicando caminhos de inovação, sustentabilidade e credibilidade jornalística. Em essência, o painel se destaca por mostrar como os grandes grupos de mídia planejam enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que moldarão o futuro do setor.