A seis meses das eleições, as pesquisas apontam para a polarização entre Lula e Bolsonaro, dois populistas que prometem manter a economia estatizada, sem a modernizante privatização, exatamente para poderem dar continuidade ao que sempre fizeram: lotear os cargos das estatais para os partidos da base no Congresso, especialmente Centrão, o que resultou no mensalão e petrolão (lulopetismo) e no bolsolão do MEC, orçamento secreto e rachadinhas (bolsonarismo). Para romper esse descalabro onde a corrupção trava nosso desenvolvimento, surge a necessária candidatura da terceira via. Estão no páreo apenas João Doria e Simone Tebet. Sergio Moro será deputado ou senador. Eduardo Leite tornou-se dissidente no PSDB, apesar de ter sido derrotado nas prévias, cujo resultado é inquestionável e avalizado pela direção nacional do partido.

Consenso

Ao deixar o governo de SP e reafirmar a candidatura presidencial, Doria revelou que há um acordo entre os partidos da terceira via para que até 18 de maio haja consenso de que o nome que estiver melhor avaliado por meio de pesquisas seja escolhido como o candidato desse núcleo (PSDB, MDB, União Brasil e Cidadania). O Podemos também deve entrar.

Força

Juntos, esses partidos têm em torno de 130 deputados e mais de R$ 1,5 bilhão em recursos do fundo eleitoral. Um dos primeiros a sugerir a união da terceira via foi o ex-presidente Michel Temer, em entrevista à ISTOÉ. Ele sugeriu que antes de lançar uma chapa única, o grupo deveria formular um plano de governo, com metas para saúde e educação.

A bancada do mensaleiro

Pedro Ladeira

O PL, presidido pelo mensaleiro Valdemar Costa Neto, usou métodos pouco ortodoxos (oferta de verbas milionárias de campanha, tempo de propaganda na TV, controle de diretórios e cargos em estatais) para atrair parlamentares de outros partidos e conquistar a maior bancada na Câmara, com 73 deputados (tinha 43). Bolsonaro, filiado à sigla, ajudou na cooptação. O PP ganhou 13 (foi a 55) e o Centrão inchou.

Retrato falado

“Eu não desisti de nada, muito menos do meu sonho de mudar o Brasil” (Crédito:Adriano Vizoni)

Depois de idas e vindas, em que chegou a dizer que iria desistir de ser candidato a presidente, admitindo a possibilidade de vir a sair para deputado federal por São Paulo, o ex-juiz Sergio Moro fez um pronunciamento nas redes sociais garantindo que não havia desistido coisa nenhuma do sonho presidencial. O problema é que após ter trocado o Podemos pelo União Brasil, o partido de Luciano Bivar e de ACM Neto não o quer como candidato a presidente. No máximo a senador.

Remédio amargo

O governo Bolsonaro autorizou um reajuste dos remédios em abril de 10,89%, acima da inflação, e que é o segundo maior dos últimos dez anos. O maior aumento até aqui havia sido concedido no governo Dilma, em 2016, de 12,5%. No ano passado, a alta foi de 8,1%. A indústria farmacêutica alega que teve aumento de custos com o dólar mais alto e com o custo dos combustíveis. O reajuste vai penalizar os mais pobres e os aposentados, que normalmente vivem do salário mínimo, fixado em R$ 1.212,00 e que não teve aumento real. Sofrem, sobretudo, os velhinhos que tomam remédios de uso contínuo. Muitas vezes, os medicamentos consomem quase todo o salário que recebem.

Subsídio

O governo, porém, não está nem aí. Neste caso sim o governo deveria pensar em subsidiar as pessoas carentes que não têm como comprar os caros produtos farmacêuticos. Bolsonaro, contudo, insiste em encontrar subsídios apenas para os combustíveis, para baratear a gasolina dos carrões dos mais ricos.

O vice de Garcia

O ex-secretário de Fazenda do governo de São Paulo, Henrique Meirelles, está cotado para ser o vice do tucano Rodrigo Garcia, candidato a governador de São Paulo. Meirelles desistiu de ser candidato ao Senado por Goiás e preferiu ficar em São Paulo, onde também será o responsável pelo programa econômico de João Doria, candidato a presidente.

Ettore Chiereguini

Outros cotados

Mas Garcia ainda não bateu o martelo. Outra opção de vice é Edson Aparecido, ex-secretário de Saúde de São Paulo. É que o prefeito Ricardo Nunes, do MDB, ficou de indicar o parceiro de chapa do tucano e a alternativa pode ser um de seus secretários. Já o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, outro cotado, preferiu ficar na prefeitura.

O homem dos R$ 51 milhões se alia a Lula

Alan Marques

Geddel Vieira Lima e seu irmão Lúcio, donos das malas com R$ 51 milhões em dinheiro vivo escondidas em um apartamento em Salvador, são os novos aliados de Lula na eleição para o governo da Bahia. Com a bênção do petista, os irmãos Vieira Lima, líderes do MDB-BA, indicarão Geraldo Júnior como vice de Jerônimo Rodrigues, o candidato do PT a governador baiano.

Toma lá dá cá

Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (Crédito:Davilym Dourado)

Como os sindicatos estão sobrevivendo sem o imposto sindical obrigatório?
As entidades sindicais sobrevivem principalmente com as mensalidades dos sócios. Estamos resistindo e mostrando a relevância do movimento sindical para o País.

Os trabalhadores estão sendo atingidos pela inflação superior a 10%?
Os metalúrgicos da Força Sindical têm conseguido, por intermédio das campanhas salariais, repor as perdas inflacionárias e conquistar abonos.

Os metalúrgicos pretendem realizar manifestações neste 1º de Maio?
Haverá sim o histórico Dia do Trabalhador, mas faremos manifestações híbridas (presencial e virtual) em respeito à saúde das pessoas, para evitar aglomerações, com transmissões pela Internet.

Rápidas

* No troca-troca partidário, o PSDB perdeu seis deputados (caiu de 31 para 25), mas João Doria comemorou o ingresso no partido do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia. De quebra, ainda trouxe para o ninho tucano seu pai, o ex-prefeito do Rio, César Maia.

* Com a renúncia dos governadores petistas do Ceará, Camilo Santana, e do Piauí, Wellington Dias, assumem em seus lugares duas mulheres: Izolda Cela (CE) e Regina Sousa (PI). Eles disputarão uma vaga no Senado.

* A cultura brasileira saiu ganhando com a decisão do secretário de Cultura, Mário Frias, e do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, de deixarem os cargos para disputarem uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PL.

* A ex-mulher de Bolsonaro, Cristina Valle, mãe de Jair Renan, o 04, será candidata a deputada distrital em Brasília pelo PP, de Ciro Nogueira. O presidente espera que ela não fale mais do que precisa na campanha.